Bio Agricultura – Caminho para Segurança Alimentar e Sustentabilidade Agrícola (V.7, N.2, P.4, 2024)

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Divulgador da Ciência: Alan Yago Barbosa de Lima – Engenheiro Agrônomo – Universidade Federal de Pelotas; Especialista em Agronegócio – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) – Universidade de São Paulo (USP); Mestrado Ciência e Tecnologia Ambiental – Universidade Federal do ABC

 

A Agricultura Biológica é um método de produção agrícola que cuida do meio ambiente e da biodiversidade. Nesse modelo, é proibido usar produtos químicos sintéticos e organismos geneticamente modificados (1). Essa abordagem inclui práticas como rotação de culturas e controle natural de pragas (2). Além disso, adota estratégias como o cultivo de plantas que fixam nitrogênio, culturas de cobertura e a preferência por variedades locais adaptadas ao clima, promovendo a saúde e bem-estar animal.

 

Segundo a FAO/WHO (3), a Agricultura Biológica é um sistema completo que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, fomentando a biodiversidade, ciclos biológicos e atividade biológica do solo. Essa abordagem prioriza boas práticas de gestão agrícola em vez de depender de fatores externos, adaptando-se às condições regionais com métodos culturais, biológicos e mecânicos em vez de materiais sintéticos.

 

Os principais objetivos dessa agricultura incluem estabelecer um sistema de gestão agrícola sustentável que respeite os sistemas naturais, contribua para alta diversidade biológica e faça uso responsável de energia e recursos naturais, respeitando normas rigorosas de bem-estar animal e necessidades comportamentais específicas de cada espécie (4). Além disso, busca obter produtos de alta qualidade e produzir uma ampla variedade de alimentos e produtos agrícolas que atendam à demanda dos consumidores por processos não prejudiciais ao ambiente, saúde humana e bem-estar animal (4).

 

O Modo de Produção Biológico respeita o ambiente e a biodiversidade. Utiliza rotações culturais, resíduos de culturas e esterco animal, assim como todos os resíduos orgânicos das explorações, incorporando-os no solo para melhorar sua fertilidade (5).

 

Uma das grandes vantagens da agricultura biológica é equilibrar a produção de alimentos com a manutenção da fertilidade do solo e a preservação do ambiente. Ao contrário disso, a agricultura industrializada, com sua forte mecanização, favorece o surgimento de pragas, doenças e ervas daninhas, levando os agricultores a usar produtos químicos, fertilizantes e pesticidas, monocultura e desflorestação, resultando em desertificação, erosão e redução da atividade biológica (5).

 

Apesar do aumento notável na produção alimentar nas últimas décadas, impulsionado pelo uso extensivo de novas variedades de culturas, raças de gado, fertilizantes químicos, pesticidas e máquinas na agricultura (6), a intensificação agrícola resultou em sérias perdas de biodiversidade, poluição ambiental e degradação do solo, ameaçando o bem-estar da humanidade (7; 8; 9).

 

A agricultura sustentável, que busca manter a produção agrícola com menos insumos e proteger os recursos naturais e ambientes, está recebendo mais atenção como um meio de alcançar o desenvolvimento sustentável global. Os solos são essenciais para a produção agrícola, fornecendo serviços ecológicos fundamentais, como sequestro de carbono, regulação de água e nutrientes, eliminação de resíduos e manutenção da biodiversidade (10; 11). Portanto, a gestão sustentável do solo deve ser considerada ao avançar para uma agricultura sustentável.

 

Durante a conferência da OCDE em 2011 (12), discutiu-se a preocupante situação da agricultura, com a demanda crescente por produtos agrícolas e a diminuição das taxas de crescimento da produtividade. Isso gera pressão sobre recursos naturais finitos, como terra e água, e cria incertezas para os produtores em relação aos custos e aos efeitos das mudanças climáticas.

 

Nesse contexto, a crescente preocupação com a situação atual e a necessidade iminente de proteger o ambiente e melhorar a qualidade dos alimentos tem valorizado a produção biológica. Muitos veem a agricultura biológica como uma solução, pois promove o equilíbrio com a natureza, devolvendo à terra o que é retirado e produzindo alimentos saudáveis e ricos em nutrientes, respeitando o ritmo de crescimento. Assim, ela proporciona a conciliação entre a proteção do meio ambiente, a sustentabilidade do planeta e a segurança alimentar.

 

Referências

 

MOREIRA, C. Agricultura Biológica, Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 01, p. 003, 2013. Disponível em: <doi.org/10.24927/rce2013.003>. Acesso em: 03 dez. 2023.

IFOAM – Organics International. Principles of Organic Agriculture Preamble. Disponível em: https://www.ifoam.bio/sites/default/files/2020-03/poa_english_web.pdf. Acesso em: 02 jan. 2024.

Food and Agriculture Organization of the United Nations. Agricultura Orgânica: Principles of Organic Agriculture Preamble. Disponível em: http://www.fao.org/organicag/ofs/docs. Acesso em: 11 dez. 2023.

FONSECA, Ana. A Agricultura Biológica na Beira Interior: Cooperativa “BioGuarda”. 2010.

MORENO, J. L.; António, G. C. La Agricultura Ecológica, Hojas Divulgadoras, Num. 11/90 HD. Ministerio de Agricultura Pesca y Alimentacion, 1991.

PRETTY, Jules; BHARUCHA, Zareen Pervez. Sustainable intensification in agricultural systems. Annals of botany, v. 114, n. 8, p. 1571-1596, 2014.

GOMIERO, Tiziano. Soil degradation, land scarcity and food security: Reviewing a complex challenge. Sustainability, v. 8, n. 3, p. 281, 2016.

LANZ, Bruno; DIETZ, Simon; SWANSON, Tim. The expansion of modern agriculture and global biodiversity decline: an integrated assessment. Ecological Economics, v. 144, p. 260-277, 2018.

EVANS, Alexandra EV et al. Agricultural water pollution: key knowledge gaps and research needs. Current opinion in environmental sustainability, v. 36, p. 20-27, 2019.

ADHIKARI, Kabindra; HARTEMINK, Alfred E. Linking soils to ecosystem services—A global review. Geoderma, v. 262, p. 101-111, 2016.

GREINER, Lucie et al. Soil function assessment: review of methods for quantifying the contributions of soils to ecosystem services. Land use policy, v. 69, p. 224-237, 2017.

Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Agricultura. Disponível em: <www.oecd.org/agriculture>. Acesso em: 12 dez. 2023.

 

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