A Cultura Oceânica (V.4, N.5, P.10, 2021)

Tempo estimado de leitura: 18 minute(s)

Divulgadoras e divulgadores da Ciência:

Juliana Imenis Barradas [Lattes]

Natalia Ghilardi-Lopes [Lattes]

Marcelo Motokane [Lattes]

Luciana Yokoyama Xavier [Lattes]

Elisa Van Sluys Menck [Lattes]

 

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/peixes-subaqu%C3%A1tica-corais-mar-378286/

 

Você já ouviu falar no termo “Cultura Oceânica”? O que vem à sua cabeça? Parece complicado relacionar o Oceano, que com sua vastidão ocupa mais de 70% do globo terrestre e possibilita inúmeras relações com diferentes populações, com “cultura”, uma palavra que possui muitos significados e que geralmente usamos para tratar de um conjunto de valores, tradições, crenças e costumes de uma população. Como conectar palavras com sentidos tão amplos e complexos? Na verdade, não é tão complicado assim.

Entendemos Cultura Oceânica como sendo um movimento que tem a intenção de fazer com que os diversos atores da sociedade passem a reconhecer a importância do Oceano em suas vidas, tanto no âmbito individual como no coletivo, independentemente de sua proximidade geográfica com o ambiente marinho. A Cultura Oceânica também trata das relações da sociedade com o Oceano e, a partir disso, cria possibilidades de participação para a tomada de decisões por meio de ações e políticas públicas inovadoras que ajudem a preservar, conservar e recuperar o Oceano e, assim, garantir a vida das gerações futuras. Este termo foi escolhido como tradução do inglês Ocean Literacy, uma iniciativa que surgiu no início dos anos 2000 nos Estados Unidos, quando profissionais da educação e cientistas do mar se reuniram para produzir recursos pedagógicos para o ensino das ciências do mar.

Lançado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a iniciativa foi apresentada no Brasil no ano de 2019, seguida da tradução em 2020 do kit pedagógico “Cultura Oceânica para todos”. Além de informativo, o kit, de autoria de Francesca Santoro e colaboradores, fornece ferramentas, métodos e recursos inovadores para facilitar a compreensão dos educadores e entusiastas sobre a importância e as diferentes funções do Oceano e chama a atenção para assuntos em evidência, como aquecimento global e acidificação das águas marinhas.

Os sete princípios essenciais da Cultura Oceânica, publicados por Francesca Cava e colaboradores em 2005 e revisados em 2020 pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (National Oceanic and Atmospheric Administration – NOAA), são baseados no conhecimento adquirido ao longo dos anos a partir de estudos realizados nas áreas de biologia, oceanografia, sociologia, história, geologia, química, física, engenharias, dentre outras. Possuem um caráter interdisciplinar e devem ser abordados por diferentes áreas do conhecimento, reconhecendo as particularidades regionais para que seja possível a inserção do cuidado com o Oceano como parte da cultura de um povo.

Perceba que o termo “Oceano” é utilizado no singular em todos os princípios, justamente para reforçar a ideia de que o Oceano é um só e que as influências humanas sobre o Oceano em uma parte do planeta podem afetar as populações de outras regiões, mesmo que estas estejam distantes umas das outras.

Princípio 1 – A Terra tem um Oceano global e muito diverso

a. O Oceano é o componente físico dominante do nosso planeta, cobrindo, aproximadamente, 70% da sua superfície. Existe um Oceano com diversas bacias, tais como o Pacífico Norte, o Pacífico Sul, o Atlântico Norte, o Atlântico Sul, o Índico e o Ártico.
b. O relevo das bacias oceânicas contém montanhas submarinas, planícies abissais, cadeias montanhosas submarinas e fossas oceânicas que variam devido ao movimento das placas tectônicas da Terra. As mais altas montanhas, os mais profundos vales e as mais vastas planícies da Terra encontram-se no Oceano.
c. Existe um sistema de circulação interconectando todo o Oceano que recolhe a energia do vento, das marés, da força de rotação da Terra, do sol e das diferenças na densidade da água. A forma das bacias oceânicas e das massas terrestres adjacentes influencia a circulação oceânica.
d. O nível do mar é a altura média do Oceano em relação à terra, tendo em consideração as diferenças provocadas pelas marés. Altera-se à medida que as placas tectônicas provocam alterações no volume das bacias oceânicas e no relevo. Também sofre alterações à medida que as calotas polares derretem ou aumentam e quando a água do mar se expande e se contrai, o que é provocado pelo aquecimento e arrefecimento das águas oceânicas.
e. A maior parte da água da Terra (97%) encontra-se no Oceano. A água do mar possui algumas particularidades: é salgada, seu ponto de congelamento é ligeiramente inferior ao da água doce e sua densidade é mais elevada, sua condutividade elétrica é muito superior a água doce e é ligeiramente básica. O sal da água do mar provém de processos de erosão da Terra, emissões vulcânicas, reações no fundo oceânico e deposição atmosférica.
f. O Oceano constitui parte integral do ciclo hidrológico, estando ligado a todos os reservatórios de água do planeta por processo de evaporação e precipitação.
g. O Oceano se conecta com lagos, bacias hidrográficas e vias navegáveis porque todas desaguam no Oceano. Rios e riachos transportam nutrientes, sais, sedimentos e poluentes das bacias hidrográficas para os estuários e para o Oceano.
h.  Embora vasto, o Oceano é finito e seus recursos são limitados.

Princípio 2 – O Oceano e a vida marinha têm uma forte ação na dinâmica da Terra

a. Muitas das rochas sedimentares e vulcânicas expostas em terra se formaram no Oceano. A vida marinha contribui para o vasto volume de rochas silicosas e carbonatadas.
b. Ao longo da história da Terra, as alterações no nível do mar aumentaram e diminuíram as áreas emersas da Terra, criaram e destruíram mares interiores e mudaram a forma da superfície terrestre.
c. A erosão – o desgaste da rocha, do solo e de outros materiais terrestres de origem biológica e geológica – ocorre por ação do vento, das ondas, das correntes dos rios e do Oceano provocando o deslocamento de sedimentos.
d. A areia é constituída por fragmentos de animais, plantas, rochas e minerais. A maior parte da areia das praias resulta da erosão dos continentes transportada para a costa através de rios. A areia também resulta da erosão das zonas costeiras devido à rebentação. A areia é redistribuída pelas ondas e pelas correntes costeiras com uma periodicidade sazonal.
e. O relevo costeiro resulta da atividade tectônica, das alterações do nível do mar e das forças das ondas.

Princípio 3 – O Oceano exerce uma influência importante no clima

a. O Oceano exerce um controle fundamental sobre o clima e as condições meteorológicas. Transporta energia e domina os ciclos da água e do carbono, moderando as oscilações de temperatura e mantendo a estabilidade da composição da atmosfera.
b. O Oceano absorve muita da radiação solar que atinge a Terra e libera calor através da evaporação de grandes quantidades de água, impulsionando a circulação atmosférica. Na atmosfera a condensação deste vapor de água origina as nuvens e a precipitação. A condensação da água que evapora dos mares quentes fornece a energia que origina furacões e ciclones.
c. A Oscilação Sul – El Niño provoca importantes alterações nos padrões atmosféricos a nível global, pois influencia a forma como, no Pacífico, o calor é liberado na atmosfera.
d. A maior parte da precipitação resulta, originalmente, da água que se evapora do Oceano nas zonas tropicais.
e. O Oceano controla o ciclo do carbono da Terra. Metade da produção primária na Terra se origina nas camadas do Oceano iluminadas pelo sol, e o Oceano absorve cerca da metade do total de dióxido de carbono lançado na atmosfera.
f. O Oceano tem tido, e continuará a ter, uma influência significativa na regulação do clima, através da absorção, armazenamento e transporte de calor, carbono e água.
g. As alterações na circulação do Oceano produziram mudanças consideráveis e abruptas no clima ao longo da história da Terra.

Princípio 4 – O Oceano permite que a Terra seja habitável

a. A maior parte do oxigênio na atmosfera resultou, originalmente, das ações de organismos fotossintéticos no Oceano.
b. As primeiras formas de vida se desenvolveram no Oceano, que é considerado o berço da vida.

Princípio 5. O Oceano suporta uma imensa diversidade de vida e de ecossistemas

a. O tamanho dos organismos no Oceano varia desde o mais pequeno vírus até o maior animal que já habitou a Terra: a baleia azul.
b. A maior parte das formas de vida no Oceano são microrganismos que têm taxas de crescimento e ciclos de vida extremamente rápidos. Os produtores primários mais importantes no Oceano são microrganismos.
c. A maioria dos grandes grupos de animais possui representantes vivendo no Oceano.
d. A vida no Oceano fornece vários exemplos únicos de ciclos de vida, adaptações e relações importantes entre os organismos, tais como simbiose, predação e transferência de energia.
e. Há exemplos de ciclos de vida no Oceano que não são vistos no ambiente terrestre.
f. O Oceano é tridimensional, disponibiliza um vasto espaço vital e diferentes habitats, desde a superfície, passando pela coluna de água, até o fundo oceânico. A maior parte do espaço vital da Terra encontra-se no Oceano.
g. Os habitats oceânicos são definidos por fatores ambientais. Devido às interações de fatores abióticos (tais como, salinidade, temperatura, oxigênio, pH, luz, nutrientes, pressão, substrato e circulação) a vida no Oceano não está distribuída de forma uniforme, temporal ou espacialmente. Algumas zonas do Oceano abrigam ecossistemas mais diversificados e abundantes do que em qualquer outro lugar na Terra, enquanto que uma vasta extensão do Oceano parece um deserto.
h. Existem ecossistemas no Oceano profundo que são independentes da energia solar e de organismos fotossintéticos. As fontes hidrotermais submarinas e fontes frias de metano fornecem a energia química e térmica que sustenta a vida dos organismos quimiossintetizantes, que estão na base destas cadeias alimentares.
i. As marés, as ondas e a predação provocam padrões de zonação vertical, influenciando a distribuição e diversidade dos organismos.
j. Os estuários disponibilizam áreas importantes e produtivas de viveiro a muitas espécies marinhas.

Princípio 6. O Oceano e a humanidade estão fortemente interligados

a. O Oceano afeta cada vida humana. Fornece grande parte do oxigênio disponível da Terra e, indiretamente, da água doce (a maior parte da chuva vem do Oceano). Regula o clima da Terra e influencia o tempo.
b. Do Oceano obtemos alimento, medicamentos e recursos vivos e não vivos. O Oceano cria empregos, apoia a economia do país, serve de via para o transporte de pessoas e mercadorias e desempenha um papel importante na segurança nacional.
c. O Oceano é fonte de inspiração, recreação e descoberta. Constitui também um elemento importante na herança de muitas culturas.
d. A maioria da população mundial vive em zonas costeiras.
e. O ser humano afeta o Oceano de várias formas. As leis, os regulamentos e a gestão de recursos influenciam o que é extraído ou depositado no Oceano. A atividade e desenvolvimento humanos causam poluição e alterações nas praias, costas e rios. Além disso, o ser humano tem capturado a maioria dos grandes vertebrados do Oceano.
f. As zonas costeiras são suscetíveis a desastres naturais, tais como maremotos, furacões, ciclones, alteração do nível do mar e marés de tempestade.
g. Todos somos responsáveis por proteger o Oceano. Ele sustenta a vida na Terra e o ser humano tem de viver de forma a contribuir para essa sustentabilidade. Ações individuais e coletivas são necessárias para gerir de modo eficaz os recursos do Oceano, para que cheguem a todos.

Princípio 7. Há muito por se descobrir e explorar no Oceano

a. O Oceano é o maior e menos explorado lugar do planeta – menos de 5% da sua extensão é conhecida. Esta é a grande fronteira para os exploradores e investigadores da próxima geração, na qual encontrarão oportunidades significativas de pesquisa e investigação.
b. Compreender que o Oceano é mais do que uma simples questão de curiosidade. É necessário pesquisar, estudar e conhecer para se alcançar uma maior compreensão dos sistemas e processos do Oceano.
c. No decorrer dos últimos 50 anos, a exploração dos recursos marinhos aumentou significativamente e, portanto, a utilização sustentável dos mesmos depende da compreensão de seu potencial e limitações.
d. As novas tecnologias, sensores e ferramentas potencializam a nossa capacidade de explorar o Oceano. Os cientistas marinhos contam cada vez mais com satélites, boias, observatórios submarinos e submergíveis não tripulados.
e. A utilização de modelos matemáticos constitui atualmente parte essencial das Ciências Marinhas. Os modelos contribuem para a compreensão da complexidade do Oceano e da interação deste com o clima do planeta, na medida em que processam observações e ajudam a descrever interações entre sistemas.
f. O estudo do Oceano é obrigatoriamente interdisciplinar. Exige uma estreita colaboração entre investigadores de todas as áreas científicas (incluindo as ciências humanas), numa matriz socioeconômica e ética, e novas formas de pensar.

Promover a Cultura Oceânica é fundamental para um país como o Brasil, que tem uma das maiores linhas de costa do mundo e uma extensa área marinha sob domínio nacional. A “Amazônia Azul” brasileira, com tem sido chamada, tem uma elevada importância ecológica, social, econômica e estratégica para o país. A “Amazônia Azul” possibilita a manutenção de atividades culturais, sociais e econômicas, importantes não só para a sociedade brasileira, mas para todo o mundo. Trazer a Cultura Oceânica para a sociedade brasileira é trazer à população a consciência de como o Oceano afeta as vidas de toda uma nação.

Apesar da importância do Oceano para o Brasil, e da enorme área marinha e costeira do país, muitos brasileiros ainda estão distantes do mar e não conhecem e reconhecem os benefícios que ele proporciona a todos nós, independente de se moramos próximo ou distante da costa. Assim, é preciso trazer o Oceano para mais perto da nossa população.

A escola é o local da aprendizagem de conteúdos novos que ampliam a relação dos estudantes com o mundo. Portanto, o trabalho de educadores para que os princípios da Cultura Oceânica sejam compreendidos e incorporados em suas práticas sociais é fundamental para que a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2021 a 2030, atinja seus objetivos. E você, como poderia contribuir para a difusão dos princípios e para que a Cultura Oceânica chegue a todos?

 

Sobre os autores: 

Juliana Imenis Barradas é bióloga e pesquisadora colaboradora da Universidade Federal do ABC (Programa de Pós graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática). Atua em projetos relacionados a ecologia marinha e Cultura Oceânica.

Natalia Ghilardi-Lopes é bióloga e docente da Universidade Federal do ABC (CCNH). Trabalha com educação ambiental marinha e costeira (pesquisa e prática). Faz parte do Grupo de Apoio à Mobilização Sudeste (GAM-SE) da Década das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Marcelo Tadeu Motokane é biólogo e docente na Universidade de São Paulo (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Departamento de Biologia). É coordenador do Grupo de Pesquisa Linguagem e Ciência no Ensino (Grupo LINCE). Mestre e doutor em Ensino de Ciências e orientador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada e Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, ambos da USP.

Luciana Yokoyama Xavier é oceanógrafa e pós-doutoranda do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. Trabalha com gestão costeira e marinha com foco na participação e aprendizagem social e interação ciência e gestão. Faz parte do Instituto Costa Brasilis – Desenvolvimento Sócio-Ambiental, da Liga das Mulheres pelo Oceano e atua como colaboradora da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano.

Elisa Van Sluys Menck é oceanógrafa, colaboradora da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e atua como facilitadora de ações que visam estimular a Cultura Oceânica no Programa EnTenda o Lixo, vinculado ao Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e ao Instituto Costa Brasilis – Desenvolvimento Sócio-Ambiental, bem como no Projeto Monitoramento Mirim Costeiro.

 

Agradecimentos:

PROEC-UFABC – Ação de extensão “MaRemoto: a invasão da Cultura Oceânica nas escolas (Edital 34/2020 – PAAE 2021)

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (LYX: Proc. 2017/21797-5)

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (Processo: 2016/05754-1)

 

Leitura recomendada

Cava, F., Schoedinger, S., Strang, C., Tuddenham, P. 2005. Science content and standards for ocean literacy: a report on ocean literacy. Available at: http://www.coseeca.net/programs/oceanliteracy/. Acesso em 04/04/2021.

Copejans, E., Seys, J. (eds.). 2012. First conference on ocean literacy in Europe – book of abstracts. Bruges, Belgium, 12 October 2012. VLIZ special publication 60 – Flanders Marine Institute (VLIZ). Oostende, Belgium.

Ghilardi-Lopes, N.P., Kremer, L.P. and Barradas, J.I. 2019. The Importance of “Ocean Literacy” in the Anthropocene and How Environmental Education Can Help in Its Promotion. In Coastal and Marine Environmental Education, ed. Natalia Pirani Ghilardi-Lopes and Flavio Augusto de Souza Berchez, 3–17. Brazilian Marine Biodiversity. Cham: Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-030-05138-9.

National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). (2020). Ocean Literacy: The Essential Principles and Fundamental Concepts of Ocean Sciences for Learners of All Ages. Washington, DC.

Santoro, F., Santin, S., Scowcroft, G., Fauville, G., Tuddenham, P. 2020. Cultura Oceânica para todos: kit pedagógico. ISBN  978-92-3-700011-3. 136 p. Disponível em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373449.locale=en. Acesso em 07/04/2021

UNESCO 2020. Ocean Literacy Portal. Disponível em: https://oceanliteracy.unesco.org/home/. Acesso em 06/04/2021.

 

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