Sobre o dia 25 de julho – Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra (V.4, N.8, P.8, 2021)

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Divulgadora da Ciência:

Mariana Moraes de Oliveira Sombrio – Historiadora formada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (2000-2004). Mestre (2005-2007) e Doutora (2010-2014) em Política Científica e Tecnológica pelo Instituto de Geociências da mesma Universidade (DPCT/IG/Unicamp). Realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia da Universidade de São Paulo (PPGMus/USP) entre os anos de 2015 a 2019, desenvolvendo atividades de pesquisa, docência e extensão. Realizou também estágios de pesquisa no Instituto Smithsonian (EUA) e no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

 

A Lei nº 12.987, sancionada pela presidenta Dilma Roussef em junho de 2014, instituiu, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

 

O dia não surgiu por acaso e foi escolhido em referência à definição do dia 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha, decisão ocorrida no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana.

 

A mulher a quem o dia faz referência no Brasil, Tereza de Benguela, foi uma líder quilombola que viveu durante o século XVIII, na região do Mato Grosso e, mais recentemente, se tornou um símbolo de resistência para o movimento negro, como demonstra a própria promulgação da Lei 12.987. Novas pesquisas historiográficas, engajadas a debates e reivindicações dos movimentos negro e de mulheres, têm se empenhado em resgatar trajetórias de pessoas como Tereza de Benguela, que viveram em contextos sociais diversos, periféricos, e por muito tempo foram ignoradas pela historiografia mais tradicional.

 

Aos poucos e cada vez mais, esse dia vem ganhando a visibilidade merecida por tudo que representa.

 

Na UFABC, conseguimos esse ano oficializar o Núcleo de Estudos de Gênero da Instituição, ao qual chamamos de Esperança Garcia. Assim como Tereza de Benguela, Esperança Garcia é mais uma dessas personagens, mulheres negras que agiram e resistiram frente às situações de violência que se impunham sobre elas. Foi também escravizada no Brasil do século XVIII e ressurgiu nos estudos de História quando uma petição que escreveu ao governador do Estado do Piauí na época, denunciando os maus tratos a que ela e outras de suas companheiras eram submetidas, foi encontrada no Arquivo Público daquele Estado, tornando-a também símbolo de luta, voz e resistência. 

 

Em referência ao dia da mulher negra, realizamos o Segundo Seminário do Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia no dia 24 de julho de 2021, como parte de um Ciclo de Cinco Seminários que iremos realizar este ano e que se conectam a datas como essa. Este Seminário, coordenado pela professora Regimeire Maciel (CECS) e pela discente Leona Wolf, contou com a apresentação de trabalhos de duas estudantes do Curso de Especialização em Direitos Humanos, Diversidade e Violência da UFABC, que abordaram questões relativas às mulheres negras. Fabiana do Carmo compartilhou a pesquisa que realizou sobre a luta de mulheres negras pelo direito à moradia a partir da experiência da Ocupação Mauá, em São Paulo, e de sua própria vivência nesse local, e Hosana Meira falou sobre as dificuldades da implementação de políticas públicas para o enfrentamento à violência contra as mulheres no município de Mauá, ressaltando as intersecções dessa problemática com a questão de raça. 

 

A partir desses seminários, pretendemos reunir e conhecer melhor os diversos e dispersos estudos sobre questões de gênero, diversidades e interseccionalidade que vêm sendo desenvolvidos na UFABC.

 

As atividades do núcleo podem ser acompanhadas em nosso Instagram: @neg.ufabc

 

Referências:

 

[1] Lei nº 12.987 – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12987.htm

[2] https://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-25-de-julho-dia-internacional-da-mulher-negra-latino-americana-e-caribenha/

[3] https://www.ufrb.edu.br/bibliotecacecult/noticias/220-tereza-de-benguela-a-escrava-que-virou-rainha-e-liderou-um-quilombo-de-negros-e-indios

[4] Portaria de criação do Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia – https://www.ufabc.edu.br/images/stories/comunicare/boletimdeservico/boletim_servico_ufabc_1028_extra.pdf

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