A beleza das paisagens vistas do espaço: uma ciência chamada Sensoriamento Remoto (V.4, N.3, P.11, 2021)

Tempo estimado de leitura: 6 minute(s)

Divulgadores da Ciência:

Richard Fonseca Francisco – pós doutorando da UFABC, professor da Universidade Metropolitana de Santos (richard.fonseca@ufabc.edu.br)

 

Ananda de Oliveira Gonçalves Antenor – doutoranda da UFABC pelo Doutorado Acadêmico Industrial e Engenheira Ambiental e Urbana da UFABC (ananda.antenor@ufabc.edu.br)

 

Angela Terumi Fushita – professora da UFABC nos cursos de Bacharelado em Planejamento Territorial e Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental (angela.fushita@ufabc.edu.br)

No dia 10 de março de 2021 foram divulgadas as primeiras imagens do Amazônia I, satélite criado em parceria Brasil-China, e os paulistas e paulistanos foram brindados com a bela imagem publicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Podemos dizer que “uma imagem vale mais que mil palavras” e é exatamente isso que essa publicação representa.

 

Figura 1: Imagem publicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do sensor Amazônia I (Fonte: INPE, 2021)

 

Essa imagem é uma representação da superfície terrestre que nos fornece muitas informações e possibilidades de reflexão sobre o uso e a ocupação territorial. Os padrões observados visualmente na imagem, como cor, tonalidade, textura e formação são utilizados para identificar fenômenos na superfície terrestre. Por exemplo, se nosso olhar for para áreas urbanas, podemos observar um padrão de ocupação em tons de cinza ao longo da costa. Também é possível identificarmos uma contínua e estreita faixa de praias em branco.

 

Além disso, conseguimos visualizar desde a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) até a região do Vale do Paraíba. Em verde escuro, temos a Serra do Mar e os remanescentes de vegetação nativa. Solos preparados para o cultivo agrícola são representados em tons de verde mais claro. No Oceano Atlântico, podemos notar as diferentes zonas de profundidade através dos distintos tons de azul, bem com o é possível observar as áreas com maior concentração de microalgas. Mas como é possível afirmar tudo isso?

 

Tais afirmações resultam do conhecimento científico proveniente de pesquisas científicas realizadas ao longo das últimas décadas. Nesse percurso, houve a contribuição de diversas universidades, institutos de pesquisa e de agências espaciais, tais como: a norte-americana (NASA), a europeia (ESA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que desde a década de 1960 desenvolvem pesquisas de excelência na geração e interpretação de dados sobre a observação remota do sistema terrestre.

 

No âmbito acadêmico-científico, o Sensoriamento Remoto é definido como uma técnica de obtenção de imagens dos objetos da superfície terrestre sem que haja um contato físico de qualquer espécie entre o objeto e o sensor, o qual pode estar acoplado a plataformas orbitais (satélites), aviões e drones. Em outras palavras, a base para os estudos desta técnica é a interação entre os objetos na superfície terrestre, que chamamos de alvos, e a radiação eletromagnética, que é registrada pelos sensores e convertida eletronicamente em números digitais para a formação das imagens.

 

Sem dúvida alguma, os produtos de Sensoriamento Remoto possibilitam conhecer as belezas do nosso planeta, assim como os impactos ambientais decorrentes de nossas ações sobre ele. Um exemplo disso é a imagem do desmatamento da Amazônica Legal, na região de Altamira/PA (Figura 2). Segundo dados do INPE, atividades de garimpos ilegais juntamente com a expansão agropecuária aumentaram em 34% a taxa destruição da Amazônia Legal, em relação ao ano de 2018, sobretudo em áreas especialmente protegidas como as Unidades de Conservação e Terras Indígenas, tão imprescindíveis à preservação deste bioma.

 

Figura 2 – Imagem em falsa-cor ilustrando a evolução do desmatamento na Unidade de Conservação Federal Floresta Nacional de Altamira, no Estado do Pará (Fonte: Imazon, 2019).

 

Desta forma, podemos afirmar que o Sensoriamento Remoto é um dos maiores avanços já produzidos em Ciência e Tecnologia, pois nos ajuda não somente a compreendermos melhor os padrões físicos de nosso planeta como também em estudos mais aplicados como o monitoramento e fiscalização ambiental. Trata-se também é uma ciência presente em nossa rotina diária, afinal quem nunca usou um GPS no celular ou o Google Earth?

 

Referências:

 

FLORENZANO, T. G. Iniciação em Sensoriamento Remoto. 1. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. 101 p.

 

IMAZON – INSTITUTO DO HOMEM E DO MEIO AMBIENTE DA AMAZÔNIA. CETESB. #ImagemDoDia: Satélites mostram o avanço do desmatamento em Unidade de Conservação em Altamira, no Pará, 03/10/2019. Disponível em: https://imazon.org.br/imprensa/imagens-de-satelite-mostram-avanco-desmatamento-em-unidade-de-conservacao-em-altamira-no-para/#. Acesso em 04 de setembro de 2020.

 

MOREIRA, M. A. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicação.4. ed. Viçosa: Editora UFV, 2011. 422 p.

 

PRODES – PROJETO DE MONITORAMENTO DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL POR SATÉLITE. Taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal. 2019. INPE. Disponível em: http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes. Acesso em 04 de setembro de 2020.

 

INPE. Primeiras Imagens do Amazônia 1. 2021. Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=5725&fbclid=IwAR02y9oXde489Z2LKplbrZiOla_isrUa8d7SRLKIqpRtnCMj3v5c9y-bKyc. Acesso em 10 de março de 2021. 

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1 Resultado

  1. Matheus Antonio disse:

    Parabéns pelo texto! Chega a dar gosto ver um texto tão fluido e leve, que ao mesmo tempo provoca interesse e é muito informativo.

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