Higienização das telas de celulares: por que isso importa? (V.8, N.7, P.2, 2025)
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Em um mundo onde os smartphones são extensões das nossas mãos, a importância da higienização de suas telas é frequentemente subestimada. Essas superfícies estão em contato constante com nossas mãos, rostos e diversas outras superfícies, tornando-se um terreno fértil para a proliferação de microrganismos. Este texto explora a relevância da limpeza adequada das telas de celulares e analisa diferentes métodos de esterilização para garantir a segurança dos usuários.
As telas de celulares são frequentemente tocadas, expondo-as a bactérias, vírus e outros microrganismos que podem causar doenças. Estudos mostram que a superfície de um celular pode abrigar mais microrganismos do que um assento de vaso sanitário, o que destaca a necessidade urgente de manter esses dispositivos limpos.
Diversos métodos de higienização das telas de celulares estão disponíveis no mercado e até mesmo no alcance de nossas mãos, mas nem todos são igualmente eficazes. O álcool 70%, o álcool em gel e o álcool isopropílico são frequentemente usados para essa finalidade, mas a eficácia desses agentes pode variar. Métodos de limpeza a seco, como o uso de tecidos de algodão, também são comumente empregados, e nosso objetivo é determinar suas aplicabilidades.
Nosso estudo analisou a eficácia de diferentes métodos de esterilização aplicados a telas de celulares. Utilizando placas de Petri, foram testados métodos que incluíram o uso de álcool 70%, álcool em gel, álcool isopropílico, água destilada e limpeza a seco.
Uso da água como método de limpeza

Imagem [1]: Placa de petri usando água destilada como método de limpeza.
Embora muitos usuários considerem a água como uma solução simples e acessível para limpar a tela do celular, nosso estudo revela que essa prática pode, na verdade, ser contraproducente. Ao invés de reduzir a quantidade de microrganismos na superfície do dispositivo, a água, especialmente quando utilizada sem agentes de limpeza adequados, pode favorecer o crescimento microbiano. Isso ocorre porque a água não possui propriedades desinfetantes e, ao evaporar, pode deixar resíduos que promovem um ambiente úmido, ideal para a proliferação de bactérias e outros patógenos. Portanto, é crucial reconsiderar o uso da água como método de limpeza e optar por alternativas mais eficazes, como soluções alcoólicas ou produtos específicos para a esterilização de telas.
Uso do álcool em gel 70% como método de limpeza

Imagem [2]: Placa de petri usando álcool em gel 70% como método de limpeza.
O álcool em gel 70% demonstrou ser extremamente eficaz na esterilização das telas de celulares, destacando-se como uma das melhores opções para a redução de microrganismos. A sua eficácia se deve à sua capacidade de desnaturar proteínas e dissolver lipídios presentes na membrana celular dos patógenos, eliminando rapidamente uma ampla gama de microrganismos. Além disso, a pandemia de COVID-19 fez com que o álcool em gel se tornasse amplamente disponível em diversos ambientes, desde residências até locais públicos e estabelecimentos comerciais. Esse aumento na disponibilidade e no uso regular de álcool em gel facilitou a adoção de melhores práticas de higiene, incluindo a limpeza eficaz das superfícies dos dispositivos móveis. Assim, o álcool em gel 70% não só se provou um aliado crucial na esterilização, mas também se consolidou como uma ferramenta acessível e indispensável para a manutenção da saúde pública.
Uso do álcool etílico 100% como método de limpeza

Imagem [3]: Placa de petri usando álcool etílico 100% como método de limpeza.
O álcool etílico 100% mostrou-se extremamente eficaz na esterilização das telas de celulares, demonstrando uma capacidade superior de eliminação de microrganismos, semelhante à do álcool em gel 70%. A alta concentração de álcool promove uma rápida desnaturação das proteínas e dissolução das membranas lipídicas dos patógenos, resultando em uma esterilização eficiente. No entanto, é importante notar que, embora sua eficácia seja indiscutível, o uso do álcool etílico 100% deve ser manejado com cautela, devido ao seu potencial para ressecar superfícies e pele, além de ser altamente inflamável. Mesmo assim, sua eficácia o torna uma opção valiosa para a esterilização de dispositivos em contextos onde a máxima desinfecção é necessária, especialmente em ambientes onde a higiene rigorosa é essencial.
Uso do álcool isopropílico 100% como método de limpeza

Imagem [4]: Placa de petri usando álcool isopropílico 100% como método de limpeza
No experimento conduzido com álcool isopropílico 100%, constatamos que este método de esterilização foi ineficaz na eliminação de microrganismos presentes nas telas de celulares. Acreditamos que essa ineficácia esteja relacionada à alta volatilidade do álcool isopropílico, que evapora tão rapidamente que não permanece tempo suficiente na superfície para exercer sua ação desinfetante completa. Essa característica limita o contato do álcool com os microrganismos, comprometendo a sua capacidade de eliminar de forma eficaz as bactérias e outros patógenos. Embora o álcool isopropílico seja amplamente utilizado em outras aplicações de limpeza, sua volatilidade faz com que não seja a melhor escolha para a esterilização de superfícies como as telas de dispositivos móveis.
Uso de um pano como método de limpeza

Imagem [5]: Placa de petri usando um pedaço de tecido como método de limpeza.
Surpreendentemente, o experimento que simulou o ato de passar um pedaço de tecido sobre a tela do celular revelou-se altamente eficaz na redução dos microrganismos presentes. Nossa hipótese é que a fricção gerada pelo contato do tecido com a superfície da tela tenha sido suficiente para romper as células dos patógenos, resultando em uma forma eficaz de esterilização. Este resultado sugere que, além dos métodos químicos, ações mecânicas simples, como a limpeza com tecido, podem desempenhar um papel significativo na manutenção da higiene das telas de celulares. Essa descoberta é particularmente interessante, pois sugere uma prática acessível e cotidiana que pode complementar os métodos tradicionais de desinfecção.
Por que devemos limpar a tela de nossos celulares?
Limpar a tela do celular é fundamental para garantir não apenas a visibilidade e o funcionamento adequado do dispositivo, mas também para proteger a saúde do usuário. As telas dos celulares acumulam uma grande quantidade de microrganismos devido ao contato constante com superfícies contaminadas e ao manuseio frequente. Esses microrganismos podem incluir bactérias, vírus e outros patógenos que podem ser transmitidos para o corpo humano, causando infecções e doenças. Portanto, a limpeza regular da tela com métodos eficazes de esterilização é uma prática simples, mas crucial, para reduzir o risco de contaminação e promover um ambiente mais seguro e higiênico no uso diário do dispositivo.
Os resultados deste estudo oferecem insights valiosos sobre as práticas de limpeza e esterilização de telas de celulares, um item essencial na vida moderna que, apesar de sua ubiquidade, é frequentemente negligenciado em termos de higiene. Embora métodos comuns como o uso de água tenham se mostrado ineficazes e até contraproducentes, aumentando a proliferação de microrganismos, alternativas como o álcool em gel 70% e o álcool etílico 100% destacaram-se por sua eficácia na desinfecção das telas. Estes métodos não só eliminaram uma vasta gama de patógenos, mas também são amplamente acessíveis, especialmente após a pandemia de COVID-19, que popularizou o uso do álcool em gel em ambientes públicos e privados.
Por outro lado, o álcool isopropílico 100%, comumente utilizado em outras aplicações de limpeza, demonstrou limitações significativas devido à sua alta volatilidade, que impede uma ação prolongada e eficaz na superfície das telas. De maneira intrigante, a simples fricção de um tecido sobre a tela mostrou-se eficaz na esterilização, sugerindo que ações mecânicas podem complementar ou, em alguns casos, substituir métodos químicos em situações onde a desinfecção rápida é necessária.
Essas descobertas ressaltam a importância de escolher métodos de limpeza adequados para a manutenção da higiene de dispositivos móveis, promovendo práticas que não apenas sejam eficazes, mas também seguras e acessíveis. Ao adotar essas práticas, podemos reduzir significativamente os riscos à saúde associados à contaminação de celulares, tornando nosso cotidiano mais seguro e higiênico.
Quer saber mais? Acesse o link para o vídeo no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=bkJpb3XBaeU
Este estudo foi elaborado no âmbito da disciplina de Base Experimental das Ciências Naturais pertencente ao curso de graduação de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC, sob responsabilidade da Profª. Drª. Michelle Sato Frigo.
REFERÊNCIAS
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