Bio Agricultura – Caminho para Segurança Alimentar e Sustentabilidade Agrícola (V.7, N.2, P.4, 2024)
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A Agricultura Biológica é um método de produção agrícola que cuida do meio ambiente e da biodiversidade. Nesse modelo, é proibido usar produtos químicos sintéticos e organismos geneticamente modificados (1). Essa abordagem inclui práticas como rotação de culturas e controle natural de pragas (2). Além disso, adota estratégias como o cultivo de plantas que fixam nitrogênio, culturas de cobertura e a preferência por variedades locais adaptadas ao clima, promovendo a saúde e bem-estar animal.
Segundo a FAO/WHO (3), a Agricultura Biológica é um sistema completo que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, fomentando a biodiversidade, ciclos biológicos e atividade biológica do solo. Essa abordagem prioriza boas práticas de gestão agrícola em vez de depender de fatores externos, adaptando-se às condições regionais com métodos culturais, biológicos e mecânicos em vez de materiais sintéticos.
Os principais objetivos dessa agricultura incluem estabelecer um sistema de gestão agrícola sustentável que respeite os sistemas naturais, contribua para alta diversidade biológica e faça uso responsável de energia e recursos naturais, respeitando normas rigorosas de bem-estar animal e necessidades comportamentais específicas de cada espécie (4). Além disso, busca obter produtos de alta qualidade e produzir uma ampla variedade de alimentos e produtos agrícolas que atendam à demanda dos consumidores por processos não prejudiciais ao ambiente, saúde humana e bem-estar animal (4).
O Modo de Produção Biológico respeita o ambiente e a biodiversidade. Utiliza rotações culturais, resíduos de culturas e esterco animal, assim como todos os resíduos orgânicos das explorações, incorporando-os no solo para melhorar sua fertilidade (5).
Uma das grandes vantagens da agricultura biológica é equilibrar a produção de alimentos com a manutenção da fertilidade do solo e a preservação do ambiente. Ao contrário disso, a agricultura industrializada, com sua forte mecanização, favorece o surgimento de pragas, doenças e ervas daninhas, levando os agricultores a usar produtos químicos, fertilizantes e pesticidas, monocultura e desflorestação, resultando em desertificação, erosão e redução da atividade biológica (5).
Apesar do aumento notável na produção alimentar nas últimas décadas, impulsionado pelo uso extensivo de novas variedades de culturas, raças de gado, fertilizantes químicos, pesticidas e máquinas na agricultura (6), a intensificação agrícola resultou em sérias perdas de biodiversidade, poluição ambiental e degradação do solo, ameaçando o bem-estar da humanidade (7; 8; 9).
A agricultura sustentável, que busca manter a produção agrícola com menos insumos e proteger os recursos naturais e ambientes, está recebendo mais atenção como um meio de alcançar o desenvolvimento sustentável global. Os solos são essenciais para a produção agrícola, fornecendo serviços ecológicos fundamentais, como sequestro de carbono, regulação de água e nutrientes, eliminação de resíduos e manutenção da biodiversidade (10; 11). Portanto, a gestão sustentável do solo deve ser considerada ao avançar para uma agricultura sustentável.
Durante a conferência da OCDE em 2011 (12), discutiu-se a preocupante situação da agricultura, com a demanda crescente por produtos agrícolas e a diminuição das taxas de crescimento da produtividade. Isso gera pressão sobre recursos naturais finitos, como terra e água, e cria incertezas para os produtores em relação aos custos e aos efeitos das mudanças climáticas.
Nesse contexto, a crescente preocupação com a situação atual e a necessidade iminente de proteger o ambiente e melhorar a qualidade dos alimentos tem valorizado a produção biológica. Muitos veem a agricultura biológica como uma solução, pois promove o equilíbrio com a natureza, devolvendo à terra o que é retirado e produzindo alimentos saudáveis e ricos em nutrientes, respeitando o ritmo de crescimento. Assim, ela proporciona a conciliação entre a proteção do meio ambiente, a sustentabilidade do planeta e a segurança alimentar.
Referências
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