(Amar)mentar: A importância do Aleitamento Materno (V.5, N.8 P.1, 2022)

Tempo estimado de leitura: 9 minute(s)

Autora: Doula Acácia – Gestora de Assistência Materno-Infantil.

 

Anualmente, agosto é um mês recheado de ações importantes de incentivo ao aleitamento materno. No dia 01 é comemorado o Dia Mundial da Amamentação, sua ação é promover o aleitamento materno a fim de incentivar, proteger e apoiar a amamentação, gerando mais qualidade de vida às crianças a longo prazo, intensificando o aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida e complementar até os 2 anos ou mais, e fortalecendo doações de leite para os bancos de leite humano.

#ParaTodosVerem: Fotografia colorida de recém nascido, alimentando se de leite direto do peito. Por cima da foto há uma marca d'água de uma árvore com raízes.

Foto 01: Reprodução Pessoal

#ParaTodosVerem: Fotografia colorida de recém nascido, alimentando se de leite direto do peito. Por cima da foto há uma marca d’água de uma árvore com raízes.

 

Os primeiros sete dias do mês marcam a Semana Mundial de Aleitamento Materno. O SMAM 2022 terá como lema desta edição “Fortalecer a amamentação: educando e apoiando”, devido a necessidade de desmistificar crenças antiquadas como “leite fraco”, “pouco leite”, “o bebê não quis o peito” entre outros.

 A campanha do mês “Agosto Dourado”, busca amplificar ainda mais a luta de incentivo ao aleitamento materno, criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), devido a associação do leite materno como alimento ouro para a criança.  A meta é que, até 2025, pelo menos 50% dos bebês de todo o mundo sejam amamentados exclusivamente pelos 6 primeiros meses de vida, quando possível. Em relatório publicado, a OMS estima que nas últimas quatro décadas houve um aumento de 50% no aleitamento materno exclusivo.  O resultado da medida são 900 milhões de bebês se beneficiando com o aumento da sobrevivência, o crescimento e o desenvolvimento, graças à amamentação exclusiva. 

 

BENEFÍCIOS MÃE-BEBÊ

O início precoce do aleitamento materno, dentro de 1 hora após o nascimento, protege o recém-nascido de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal. A OMS relata que a amamentação é a principal forma de fornecer para os bebês os nutrientes necessários para seu desenvolvimento e proteção, logo que recebe anticorpos para diarreia, infecções gastrointestinais e possíveis infecções respiratórias, além de reduzir 13% da taxa de mortalidade até os 5 anos em decorrência das doenças citadas. O risco de asma, diabetes e obesidade é menor em crianças amamentadas, mesmo depois que elas param de mamar.

O leite materno supre as necessidades fisiológicas, mata a sede, protege e alimenta sem gerar sobrepeso ou obesidade infantil. O movimento de sucção realizado na amamentação auxilia no desenvolvimento adequado da face, estrutura mandibular e musculatura, evitando problemas odontológicos futuros, desenvolvendo a fala, a respiração de forma correta, impactando também na postura da criança.

Há diversos estudos publicados que mostram resultado positivo para adultos que foram amamentados conforme recomendado pela OMS. Os dados mostram que podem apresentar melhor desempenho em testes de inteligência e maior escolaridade. Reduz também os riscos do adulto desenvolver hipertensão, diabetes, colesterol alto e infecções, este impactando na saúde pública. Melhorar o desenvolvimento infantil e reduzir os custos de saúde resulta em ganhos econômicos para famílias individuais, bem como em nível nacional.

De acordo com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a amamentação deve ser por livre demanda. Amamentar também beneficia a saúde das mães, diminuindo sangramento pós-parto e auxiliando na retração uterina natural, prevenindo doenças cardiovasculares, osteoporose, a diabetes tipo 2, o câncer (mama, ovário e útero), anemia, infarto e a depressão. Além dos citados, ajuda a perder parte do peso ganho durante a gestação.

 

(AMAR)MENTAR É RESPONSABILIDADE SOCIAL

Amamentar é um ato de amor e cria maior vínculo entre mãe e bebê. Apesar deste ser um benefício comprovado, não é regra para todas as lactantes porque amamentar é psicossomático, ou seja, engloba fatores físicos e emocionais para que ocorra a produção do leite, e então aconteça a construção e fortalecimento dos laços maternais gerados pelo ato de amamentar.

#ParaTodosVerem:Fotografia colorida de recém nascido apoiado sobre o colo de uma pessoa.

Foto 0: Reprodução Pessoal

#ParaTodosVerem:Fotografia colorida de recém nascido apoiado sobre o colo de uma pessoa.

 

Mesmo desejando, muitas mães não conseguem amamentar seu bebê, apesar de serem capazes. É necessário reforçar que amamentar é cultural e demanda orientação e estudos sobre a sua importância, como realizar e seus benefícios. A lactante precisa ainda que sua rede de apoio seja ampla e a ampare em suas necessidades com suporte emocional e físico, além da ajuda profissional que deve ser indispensável para auxiliar na pega correta, evitar dores e doenças em decorrência do leite empedrado. Os profissionais da maternidade devem orientar sobre a amamentação, corrigir erros cometidos ainda durante a internação e se for necessário a lactante pode voltar ao hospital solicitando ajuda, ou ainda buscar auxílio em bancos de leite humano. As consultorias de amamentação são essenciais para ensinar a lactante a amamentar. Os encontros podem ser online e/ou presenciais, o custo varia de profissionais mas envolve valor abaixo do gasto com fórmulas para suplementar.

Há mães que optam por não amamentar e não são menos mães por isto, a escolha deve ser pessoal e bem pensada pesando os benefícios e malefícios caso não amamente. O motivo por trás são diversos, estética e até pressão social pela mentira de “os seios irão cair”. O agosto dourado ajuda estas mães com o incentivo ao aleitamento, dando o suporte necessário.

Quando uma lactante está inserida no meio que a desfavorece a amamentar, há consequências emocionais que impactam diretamente na produção do leite. A sensação de insuficiência e invalidez é frequente e precisa ser combatida. Conforme a lactante idealizar que “não é capaz de amamentar” o seu corpo irá entender que não deve realizar a produção do leite e irá diminuir a quantidade, gerando o famoso dito “não tenho leite” ou “meu leite secou”. De fato, ocorreram por consequência de um mindset errado e a culpabilidade piora a situação, podendo gerar frustração e até depressão.

Na teoria, o corpo da lactante é capaz de produzir leite com todas as propriedades que o bebê necessita, são os fatores emocionais e culturais que cessam esta produção. Mulheres ansiosas, que não foram orientadas e/ou sem rede de apoio têm dificuldades na produção de leite, o estresse que sentem sem a orientação gestacional, durante o parto e no pós-parto, a faz baixar níveis ideais de hormônios para a produção.

Amamentar pode ter desafios, saber fazer a pega é um deles. Trocar o seio na mamada, aprender sobre as fases do leite, esvaziamento da mama, possíveis doenças, saber fazer um ambiente adequado, todos citados são possíveis dificuldades. Quando desorientada, a lactante pode sofrer com dores, endurecimento da mama, vermelhidão, desconfortos, e deve buscar ajuda de imediato para evitar o aparecimento de infecções e fungos.

 

AMAMENTAÇÃO E COVID

Para a OPAS e a OMS, o aleitamento materno deve ser mantido no atual cenário da saúde pública, mesmo que a mãe tenha suspeita ou confirmação de infecção por COVID-19. Amamentar deve ser realizado com segurança , sendo a higienização das mãos e uso de máscaras.

 

É DIREITO

Amamentar é direito de todas as lactantes e também da criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), garante que toda criança tem direito ao aleitamento materno e as mães têm o direito de amamentar seus filhos. O poder público, as instituições e os empregadores devem oferecer condições adequadas para o aleitamento materno.

#ParaTodosVerem:Fotografia colorida de um ambiente com duas poltronas, entre elas duas mesas pequenas de diferentes tamanhos e a esquerda da foto há um frigobar. Acima das poltronas há uma fotografia em preto e branco de um recém nascido amamentando.

Foto 03: Reprodução Vitória Apart Hospital

#ParaTodosVerem:Fotografia colorida de um ambiente com duas poltronas, entre elas duas mesas pequenas de diferentes tamanhos e a esquerda da foto há um frigobar. Acima das poltronas há uma fotografia em preto e branco de um recém nascido amamentando.

 

Empresas privadas buscam implementar salas de apoio a amamentação em suas instalações. Estas salas são simples e direcionadas para a extração de leite e armazenamento durante a jornada de trabalho da lactante, a fim de incentivar a continuação do aleitamento materno. Há cerca de 200 salas certificadas pelo Ministério da Saúde, com capacidade de beneficiar até 140 mil mulheres.

 

BANCO DE LEITE HUMANO (BLH)

Os bancos de leite humano são iniciativas do Ministério da Saúde a fim de reduzir a mortalidade infantil com oferta de leite humano doado por lactantes. Atualmente há 222 bancos de leite humano presentes em todos os estados brasileiros e, ainda, 217 postos de coleta. Doar é um ato de amor, seja uma doadora. Saiba onde encontrar um banco de leite humano mais próximo de você pelo telefone 136 ou acesse: https://rblh.fiocruz.br/localizacao-dos-blhs.

#ParaTodosVerem: Fotografia colorida de uma gaveta cheia de potes redondos com leite materno. A direita há uma mão segurando um dos potes.

Foto 04: Reprodução CONASS

#ParaTodosVerem: Fotografia colorida de uma gaveta cheia de potes redondos com leite materno. A direita há uma mão segurando um dos potes.

 

Maternar é único para cada gestação e individual para cada pessoa. Nada na vida vem com manual de instruções, é necessário passar pelo processo para aprender. Não deixe de amamentar por motivos culturais e de achismo. Amamentar salva vidas e nutre a alma.

 

REFERÊNCIAS
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1963-oms-beneficios-da-amamentacao-
superam-riscos-de-infeccao-por-covid-19
https://bvsms.saude.gov.br/ministerio-da-saude-lanca-campanha-para-incentivar-
doacao-de-leite-aos-prematuros/
https://news.un.org/pt/story/2021/08/1758382
https://news.un.org/pt/tags/amamentacao
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-ineditos-sobre-amamentacao-no-
brasil#:~:text=No%20Brasil%2C%20chegamos%20a%2062,aos%2024%20meses%20
de%20vida.

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