|Muitas informações sobre o novo Coronavírus?| # 3 – Medidas comportamentais para proteção e quando virá a cura (V.3, N.4, P.14, 2020)

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Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a internet vem sendo bombardeada com inúmeras informações, tais como formas de contágio, grau de letalidade, quarentena, testes rápidos etc. As mensagens trocadas em redes sociais e pelo whatsapp compartilham inúmeras informações, nem todas corretas ou esclarecedoras. Por isso, nesta série de textos, os professores da UFABC Fúlvio Rieli Mendes e Sergio Daishi Sasaki tentam explicar de uma forma simples alguns dos principais tópicos que vem sendo discutidos nas mídias sociais.

Nos posts anteriores da série já falamos sobre os temas: “Covid-19 ou SARS-Cov-2“, “Por que tanta preocupação e por que do isolamento social?“, “Número de casos de Covid-19″ e “Como são feitos os testes para confirmação da Covid-19″. Neste último texto, abordaremos os temas “Medidas comportamentais para proteção” e quando tempo demorará até termos uma cura. Vamos lá!

 

Medidas de comportamento que todos devem adotar como forma de proteção

Muito tem se falado sobre o uso de máscaras, do álcool em gel e outras medidas para evitar a propagação do vírus. Os coronavírus são micro-organismos invisíveis a olho nu e que se propagam através de secreções das vias respiratórias das pessoas infectadas.

Quando uma pessoa com a Covid-19 tosse ou espirra, milhares de vírus podem estar presentes nas gotículas projetadas para o ar e, por isso, é fundamental minimizar as chances de que outras pessoas entrem em contato com essas secreções. A melhor maneira de reduzir o contágio neste momento é por meio do isolamento social e seguindo cuidados para higienização das mãos, do rosto e o uso de máscaras, em certos casos.

Lavar as mãos cuidadosamente com água e sabão ou a aplicação de álcool em gel são formas eficazes de eliminar o vírus das mãos. As máscaras devem ser utilizadas primariamente por profissionais da área da saúde para reduzir as chances de infecção e de transmissão do vírus, caso estejam contaminados. Pessoas que apresentam sintomas do coronavírus, como tosse e resfriado, devem usar máscaras se tiverem que falar com outras pessoas, mesmo que não tenham sido testadas.

 

Imagem de Klaus Hausmann por Pixabay

 

Na dúvida, essa medida ajuda a reduzir as chances de transmissão. Já as pessoas que não apresentam qualquer sintomatologia e não foram testadas para Covid-19 não precisam usar máscara quando se encontram em casa entre seus familiares, mas se tiverem máscaras, podem utilizá-la como cuidado adicional se tiverem que sair de casa.

No entanto, ainda mais importante é evitar aglomerações, manter ao menos um metro de distância de outras pessoas em filas, e evitar o contato com superfícies onde muitos costumam tocar, como corrimãos etc., e se tocar em tais locais fazer a higienização das mãos com álcool em gel.

Aliás, você já deve ter visto também a orientação para as pessoas que forem tossir ou espirrar usarem um lenço ou toalha de papel descartável na frente da boca ou tossirem contra o antebraço. A razão para isso é que, ao tossir e espirrar contra a mão, a pessoa irá contaminar com as pequenas gotículas as superfícies e objetos que encostar, como maçanetas, telefone celular, etc., aumentando a chance de transmissão da doença para outras pessoas. Já a região do braço oposta ao cotovelo é uma parte do corpo que não costumamos encostar em objetos, reduzindo consideravelmente as chances de propagação do vírus.

E afinal, quando teremos a cura para a Covid-19?

Vocês já devem ter visto diversas notícias sobre testes com alguns medicamentos e vacinas para o SARS-Cov-2, mas sempre com ressalvas de que ainda vai demorar um tempo para essas opções ficarem disponíveis para todos.  Isso acontece porque são necessários muitos testes para confirmar se uma vacina ou um medicamento são eficazes para uma doença e para avaliar se produzem outros riscos à saúde que inviabilizem o seu uso ou os tornem restritos a certos indivíduos ou condições.

Geralmente, são necessários vários anos para o desenvolvimento de um novo medicamento, mas esse tempo pode ser consideravelmente diminuído quando se trata de aproveitar remédios que já foram desenvolvidos. Nesse caso, já existe certa informação sobre o grau de segurança e toxicidade do medicamento, mas ainda assim é preciso testar em uma amostra grande de pacientes se ele é eficaz para a nova doença (no caso contra a Covid-19) e se não causa reações colaterais no enfermo.

É por este caminho que a cloroquina e alguns antivirais já existentes estão sendo avaliados. Já no caso das vacinas, o caminho tende a ser um pouco mais longo. Isso porque os voluntários que participam dos estudos precisam ser monitorados por um longo tempo para ter certeza que não desenvolvem a Covid-19 e nem apresentam reações inesperadas, e também porque o processo de fabricação da vacina em grande quantidade é demorado.

Por isso, quando estiver aprovada, ainda levará um certo tempo para que seja produzida em quantidade suficiente para ser distribuída em todo o mundo. A boa notícia é que milhares de cientistas estão trabalhando no mundo todo e já há algumas vacinas sendo testadas.

Recentemente, um laboratório farmacêutico chegou a anunciar que já está produzindo uma vacina em larga escala, mesmo antes dos testes finalizarem, com a esperança que, se for aprovada, a vacina esteja disponível no final de 2020 ou início de 2021. Tudo indica que a produção de uma vacina contra a Covid-19 virá em tempo recorde, graças aos esforços de muitas empresas e governos. Mesmo depois que as vacinas estiverem disponíveis, ainda levará algum tempo até que uma parcela significativa da população possa ser vacinada.

Diante deste quadro, fica difícil prever quanto tempo esta pandemia ainda vai durar. As medidas de isolamento adotadas pela maioria dos países estão sendo avaliadas a cada instante e o melhor momento para acabar com o isolamento deve ser baseado em dados técnicos e científicos.

Existe, ainda, uma grande preocupação com que surjam, daqui a algum tempo, novos picos de infecção e seja necessário promover outros períodos de isolamento social para evitar novamente o colapso do sistema de saúde, mas por enquanto tudo isso são suposições e só saberemos ao certo dentro de várias semanas. No momento, a principal recomendação é para seguir as orientações das entidades de saúde e permanecer em casa.

Enquanto isso, cuide da sua saúde física e mental

O período de isolamento social ainda pode durar várias semanas ou meses. Durante este tempo, é importante estabelecer uma rotina diária de afazeres do lar e do trabalho (quando possível) e tomar algumas medidas em prol da saúde física e mental.

Mantenha-se ocupado(a) com atividades saudáveis, leia livros, assista programas de entretenimento que lhe agradam, aproveite o tempo para dedicar-se a algum projeto ou talento pessoal, converse com amigos e familiares através do telefone ou redes sociais e estreite os laços com aqueles que moram com você (pais, filhos, irmãos, cônjuges). Se possível, tente praticar exercícios físicos, mesmo que seja dentro de casa ou de um apartamento. Se tiver sacada ou quintal, procure tomar um pouco de sol no corpo, ou pela luz solar que entra pela janela, mesmo que seja apenas nos braços, pernas e nuca. E finalmente, mantenha a cabeça ocupada com distrações, tarefas e atividades interessantes e evite absorver demais notícias negativas, especialmente notícias alarmantes exageradas que circulam no whatsapp. Nunca repasse uma notícia quando não tiver certeza da fonte e da veracidade.

 

Acompanhe também os outros episódios da série “Muitas informações sobre o novo Coronavírus?”:

Prof. Dr. Fúlvio Rieli Mendes é professor de Farmacologia da Universidade Federal do ABC e orientador do programa de pós-graduação em Neurociência e Cognição da UFABC. Tem experiência nas áreas de Farmacologia e Neurociências, com ênfase em Produtos Naturais, atuando principalmente nos seguintes temas: psicofarmacologia, neurodegeneração, dependência de drogas, plantas medicinais, adaptógenos e modelos animais.

 

Prof. Dr. Sergio Daishi Sasaki é professor da UFABC na área de Ciências Biológicas. Tem experiência na área de Bioquímica e Biologia Molecular com ênfase em purificação e caracterização de proteínas, técnicas de DNA recombinante, imuno-bioquímica, silenciamento gênico por interferência de RNA. Atualmente desenvolve projeto de pesquisa aplicando os inibidores de serinoproteases em modelo de enfisema pulmonar.

Referências / links úteis:

https://coronavirus.saude.gov.br

https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/qual-e-a-diferenca-entre-coronavirus-covid-19-e-sars-cov-2-entenda/

https://super.abril.com.br/saude/sim-o-coronavirus-veio-da-natureza-e-nao-de-um-laboratorio/

https://pt.wikipedia.org/wiki/PCR_quantitativo_em_tempo_real

https://biossistemasufabc.wixsite.com/home/post/biossistemas-e-covid-19

http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/aprovados-primeiros-testes-rapidos-para-covid-19/219201

 

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