Dia do Biólogo (V.5, N.9 P.3, 2022)

Tempo estimado de leitura: 7 minute(s)

Autoras: Érika Klann e Adriana Pugliese

 

#PraTodosVerem: A imagem é colorida e mostra um microscópio no canto esquerdo, no qual as mãos de um cientista utilizam pinças para analisar uma amostra. No canto direito há uma planta de folhas médias e um pote de vidro com amostras a serem analisadas.

 

03 de setembro, Dia do Biólogo. A data marca a regulamentação oficial da profissão, em 1979. Teríamos tanto pra falar do prazer e da responsabilidade de sermos biólogas… Mas, vamos, primeiro, entender o significado de Biologia? A palavra é formada por dois radicais latinos: bios, que significa vida, e logus, que significa estudo. Simplificadamente, a Biologia pode ser definida como o estudo da vida, e o(a) biólogo(a) como o(a) profissional que estuda a vida ou os seres viventes.

 

A necessidade de observar a natureza e entender sua dinâmica, a relação dos seres entre si e com ela é bem antiga. Na pré-história, por exemplo, o ser humano já observava a natureza, as mudanças de tempo, as épocas de frutificação, o comportamento animal, as plantas venenosas e as medicinais, os frutos comestíveis. A sobrevivência e adaptação às diferentes regiões dependiam dessas percepções.

No entanto, o primeiro registro de um pensamento científico é do século VI a.C. e atribuído a Tales de Mileto, reconhecido pelo naturalista Aristóteles como o primeiro filósofo da humanidade. Tales procurava explicar os fenômenos naturais através de hipóteses pautadas na racionalidade, nos próprios processos da natureza, negando o sobrenatural como resposta, um comportamento natural da época.

 

Durante os séculos, muitas foram as descobertas importantes que proporcionaram estudos cada vez mais aprofundados sobre a Biologia. Particularmente no século XIX, trabalhos de cientistas notáveis como Charles Darwin, Gregor Mendel e Louis Pasteur revolucionaram os conhecimentos biológicos.

Foi também no século XIX que surgiu o que chamamos de método científico – um conjunto de regras que orienta as pesquisas científicas e sua validação. Resumidamente, o método científico engloba etapas que consiste na formulação de hipóteses, realização de experimentos ou pesquisas de campo sistemáticos e controlados que respondam a estas hipóteses, conclusões a partir dos resultados gerados e documentação de todo o processo.

Mesmo que hoje entendamos que vários podem ser os métodos científicos, há um consenso que se precisa de regras e normas para se fazer ciência e que dados provenientes de estudos científicos apresentam determinado rigor, o que o diferencia de ideias de senso comum.

 

Quando os estudos sobre a natureza então ganham força, esse conhecimento passa a fazer parte das universidades, através dos cursos de Ciências Naturais, que englobavam também conhecimentos geográficos, geológicos, paleontológicos e históricos. No Brasil, o curso chegou em 1934 com o nome de História Natural. Na década de 1960, enfim, nasce o Curso de Ciências Biológicas, o que permitiu formar profissionais qualificados, com amplo conhecimento da área.

 

Hoje, a Biologia conta com uma gama de opções de especialização, como: zoologia, botânica, ecologia, biologia marinha, microbiologia, genética, fisiologia, bioética, imunologia, biotecnologia, paleontologia, citologia, biologia evolutiva, análises clínicas, só para citar algumas.

 

O(A) biólogo(a) é um(a) profissional relacionado(a) ao estudo das mais variadas formas de vida, observando processos, origens, estruturas, desenvolvimentos, sistemas, funcionamentos, reproduções, conexões e relacionamentos dos seres vivos entre si e com o meio ambiente em que vivem. São inúmeras as formas de atuação, em níveis celulares ou moleculares, estudando animais ou vegetais, analisando medidas e intervenções para diminuição dos impactos ambientais, auxiliando e inovando na melhoria da agricultura e criação de animais, no manejo de recursos naturais, realizando pesquisas e melhoramentos para a indústria farmacêutica ou de cosméticos, atuando na saúde pública.

Enfim, atuação ampla e fundamental para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de um país. Além, claro, de promoverem a educação científica, ambiental e biológica, inclusive pelo viés da divulgação e popularização da ciência; não só nas escolas e universidades, mas também em espaços e instituições de educação não formal, como museus, parques, reservas, jardins botânicos, aquários e zoológicos.

São os museus de história natural, instituições importantíssimas na educação científica de um país, que abrigam acervos e exposições com representação da biodiversidade brasileira e mundial, sendo que a maior parte da curadoria dessas coleções biológicas é realizada por um biólogo, por uma bióloga.

 

Ao estudar todas as formas de vida, o(a) biólogo(a) torna-se o(a) principal agente de conhecimento e veículo de conscientização da sociedade. O resultado do seu trabalho pavimenta o caminho para uma melhor qualidade de vida das pessoas, da fauna e flora e os diversos ecossistemas. São desafios e privilégios de ser um(a) biólogo(a).

 

A pandemia do novo coronavírus trouxe holofotes para a importância dos(das) biólogos(as) na área da saúde, quer na participação no diagnóstico laboratorial quer no desenvolvimento de projetos de pesquisa e discussões sobre o comportamento do vírus, tratamentos mais eficazes e desenvolvimento de vacinas protetivas.

 

Neste dia 03 de setembro, gostaríamos de homenagear todos(as) os(as) biólogos(as), profissionais que atuam com dedicação, compromisso e profissionalismo em suas especializações, procurando pequenos sinais e evidências para entender a natureza e todos os seus processos, tentando contribuir para uma humanidade saudável e sustentável.

Que possamos ter clareza da importância da Biologia na construção da cidadania científica e o despertar do pensamento crítico, fomentando e universalizando o acesso a uma educação de qualidade em ciência e tecnologia, além de proporcionar uma maior compreensão das possibilidades da carreira científica.

 

A Biologia também vem na busca de soluções para os desafios da humanidade, como os problemas que envolvem uma energia sustentável, conservação da água, consumo e desperdício, poluição, sustentabilidade, meio ambiente, saúde e todas as questões que envolvem o desenvolvimento de uma sociedade.

Mas, o protagonismo científico brasileiro enfrenta difíceis desafios e complexas barreiras, como o contínuo corte de verba para o financiamento dos projetos, a falta de infraestrutura nas instituições de ensino e de pesquisa, e a falta de formulação de políticas públicas de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico.

 

E, apesar de tantas dificuldades, os cientistas e instituições de pesquisa brasileiros tiveram um papel fundamental nessa pandemia, realizando um belo trabalho de engajamento, apoio, estudo, pesquisa e disseminação de informações baseadas em evidências científicas.

 

Que esta experiência desafiadora e toda a sua consequência no âmbito da saúde e da economia, atravessando uma crise pandêmica despreparada, sirvam de lição para que nossos governantes enxerguem a importância do papel da Ciência, do aumento do engajamento da sociedade e da urgência em mudanças e revejam seus planos de investimento nos institutos de pesquisa e órgãos de saúde pública. Porque Ciência se faz a longo prazo…

 

E a vocês, Biólogas e Biólogos, nosso muito obrigada.

 

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