Jane Marcet: Inspirando Gerações (V.4, N.7, P.5, 2021)

Tempo estimado de leitura: 4 minute(s)

Divulgadora da Ciência:

Priscila Honorato Sasaki é estudante do Bacharelado em Ciência e Tecnologia da UFABC, uma apaixonada pela história da ciência e acredita que o conhecimento e a educação podem mudar o mundo.

 

O ano era 1810. Um pobre e jovem rapaz estava trabalhando na encadernação de livros, quando caiu em suas mãos uma obra intitulada Conversations on Chemistry(Conversas sobre Química, em tradução livre). Movido pela curiosidade, o jovem o leu vorazmente e assim teve início a sua paixão pela ciência. Foi através da leitura de um livro escrito por Jane Marcet que Michael Faraday iniciou a sua jornada científica. Michael Faraday é celebrado nos dias de hoje pelos seus estudos sobre química e eletromagnetismo, mas Jane Marcet é raramente lembrada dentro da história da ciência.

Jane Haldimand Marcet nasceu em 1769, em uma rica família formada por uma mãe inglesa e um pai suíço que era banqueiro. Quando criança, recebeu aulas de filosofia natural e física, como era costume nas famílias ricas em Genebra, na Suíça. Quando estava com quinze anos, sua mãe faleceu e a jovem passou a cuidar da casa e dos seus 5 mais jovens de 11 irmãos.

Aos 30 anos, Jane se casou com o médico Alexander Marcet e ambos apreciavam a ciência e tinham como amigos muitos intelectuais e cientistas conhecidos, como o químico Humphry Davy que era famoso pelas suas palestras na Royal Institution em Londres. Foi o marido de Jane quem a motivou a escrever um livro que explicasse a química para os leigos e para as mulheres, fato novo para a época.

Inicialmente, a obra Conversas sobre Química havia sido publicada em dois volumes de modo anônimo em 1806 e somente anos mais tarde Jane Marcet assumiu a autoria. O livro é um diálogo entre uma professora chamada Sra. B e as crianças Caroline e Emily.

No prefácio do volume 1 da edição de 1817 de Conversas sobre química, fica evidente o objetivo de Marcet em escrever para as mulheres e para o público leigo, além do modo como a educação das mulheres era visto no século XIX(feito em tradução livre):

Retrato de Jane Marcet. Coleção Edgar Fahs Smith (Universidade da Pensilvânia)

 

(…)especialmente para o sexo feminino, cuja educação é raramente calculada para preparar as suas mentes para as ideias abstratas, ou para a linguagem científica.

Como, no entanto, há poucas mulheres que têm acesso a esse tipo de instrução; e como a autora não estava com nenhum livro que pudesse vir a ser um substituto para ele, ela pensou que ele poderia ser útil para iniciantes, bem como vir a ser satisfatório para ela mesma, traçar os passos pelos quais ela adquiriu o seu pequeno estoque de conhecimento sobre química, e registrar na forma de diálogo, aquelas ideias que ela primeiro captou de uma conversa.

 

 

O estilo de escrita acessível aliado ao estilo didático de Marcet conquistaram os mais diferentes tipos de público e foi um grande sucesso no século XIX. O seu livro teve várias edições dentro e fora da Inglaterra. Ao longo da sua vida, Jane escreveu um total de 20 obras, faleceu aos 89 anos e até nos dias atuais, a sua história de vida e o seu legado científico tem inspirado as mais diferentes gerações de cientistas.

 

Referências bibliográficas:

Baldinato, J. O. e Porto, P. A. Jane Marcet e Conversations on Chemistry: divulgando a química no início do século XIX. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis: VII EMPEC, 2009.

Gonzáles, J. C. Aportes de Jane Marcet a la divulgación y educación química en el siglo XIX. Revista Educación Química, 25(E1), 240-244, 2014.

Marcet, J. H. Conversations on Chemistry. 5° ed. Londres: Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, Paternoster-Row, 1817.

Related Post

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Twitter
Blog UFABC Divulga Ciência