Quando a temperatura cai, a culpa é de quem? (V.2, N.1, P.3, 2019)
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No Brasil, quando ouvimos o homem ou a mulher “do tempo” dizer que vai chover ou vai esfriar, a “culpa” é quase sempre de uma massa de ar polar.
Mas de onde ela vem?
Vem lá do sul do planeta: da Antártica. O continente é uma espécie de regulador térmico da Terra, por meio do esfriamento dos oceanos e do ar. Metade da costa brasileira é atingida pelos ventos da região, e as correntes marinhas trazem recursos vivos, nutrientes e oxigênio para o nosso litoral.
A Convergência Antártica
A Convergência Antártica é uma linha que circunda a Antártica (ou Antártida) cruzando os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
Convergência Antártica
Essa linha – também conhecida como frente polar antártica – a delimita uma barreira natural com significativas diferenças de temperatura, salinidade e densidade entre os mares do Sul e do Norte. Quando as águas frias do Sul se encontram com as águas mornas do Norte, os nutrientes situados no fundo do mar são levados para a superfície, favorecendo o crescimento de microrganismos como o fitoplâncton e o krill (pequenos crustáceos que servem de alimentos para animais como baleias e pinguins).
Krill
O que poucos sabem é que, abaixo da convergência, há muito mais aspectos que influenciam as nossas vidas do que podemos imaginar. Além disso, nossas ações também influenciam, e muito, o continente branco.
O continente dos extremos
A Antártica é o continente dos extremos: é o lugar mais frio, mais seco, mais ventoso, mais alto, mais remoto, mais isolado, mais desconhecido, mais preservado e mais inóspito. Lá está a maior reserva marinha e também a maior reserva de água doce do mundo. É o lugar mais limpo do planeta, mas já há registros de poluição vinda de outras regiões, como América do Sul e Austrália. É um dos principais “pulmões do mundo”, devido à grande quantidade de oxigênio produzido pela biomassa existente no oceano austral.
Laboratório vivo
O continente é conhecido como um laboratório vivo sem grandes modificações, é a região do planeta mais preservada, mas também é uma das mais vulneráveis às mudanças ambientais globais, pois os sinais climáticos produzidos na Antártica chegam a outros continentes e vice-versa, podendo provocar impactos biológicos e econômicos mundiais.
Por isso, é de suma importância conhecer suas características, sem contar que estudos de diversas áreas na região, como, física, química, ciências da vida, ciências da terra, ciências sociais, podem ajudar a compreender e a melhorar aspectos da natureza, da vida e da sociedade.
E por que estudar a Antártica?
Primeiro, porque ela está lá! É misteriosa, atrativa, desafiante, incrível. Segundo, pelo necessário avanço da ciência. Terceiro: para fazer a diferença.
A Antártica é um lugar especial e, apesar de todo o seu tamanho e severidade, é extraordinariamente frágil e vulnerável. Muitos de nós desejamos ajudar a conservar a Antártica e seu ecossistema marinho. As pesquisas podem ter implicações globais, da mudança climática ao anticongelante, da história da Terra às radiações eletromagnéticas das estrelas.
Mas para realmente fazer a diferença, temos de comunicar os resultados das pesquisas para toda a sociedade. Este é o principal objetivo do Projeto Antártica na UFABC. O projeto contempla ações como exposições sobre a Antártica, canal de vídeos, curso a distância para professores. Acompanhe!
Blog Abaixo da Convergência: https://abaixodaconvergencia.blogspot.com/
Canal de vídeos Antártica ou Antártida? https://www.youtube.com/channel/UCwJwnV2VtBt-4k2mt-mbEfQ
Fanpage: https://www.facebook.com/antarticaouantartida
Silvia Dotta
Doutora em Educação e graduada em Comunicação. É membro da diretoria da APECS-Brasil – Associação de Pesquisadores e Educadores em Início de Carreira sobre o Mar e os Polos e do Conselho do Polar Educators International – associação de professores e pesquisadores interessados em popularizar ciência dos polos.
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Ótimo texto! Mas e quando a frente fria não consegue chegar aqui? A culpa é de quem?