Uma bomba perfeita! 

Tempo estimado de leitura: 5 minute(s)

Divulgadoras da ciência:

Cristina Ribas Fürstenau 

Marcela Sorelli Carneiro Ramos 

#PraTodosVerem: A imagem é em preto e branco e apresenta o desenho de um coração humano

 

O fascínio sobre o coração tem instigado os pensadores e cientistas desde a  Grécia antiga! Em 350 a.C., Aristóteles foi um dos primeiros a descrever o coração  como sendo o centro do intelecto. Poucos anos depois, Erasistrato (310 a.C.) considerou  que o coração dá origem ao espírito vital que é levado pelas artérias a todas as partes do  corpo. Em sequência, Herófilo (300 a.C.) foi o fundador da “doutrina do pulso”,  descrendo com exatidão as pulsações, correlacionando a sístole (contração) e a diástole (relaxamento) com sons musicais, presumindo o pulso como um fenômeno que ocorre  dentro dos vasos. Porém, somente William Harvey (1578-1657) descreveu  detalhadamente a circulação sanguínea e, 100 anos depois, Stephen Hales (1677-1761)  realizou a primeira medida de pressão arterial em uma égua! 

 

Como podemos ver, o coração sempre foi motivo de estudos e descobertas ao  longo dos séculos e, ainda hoje, apesar do enorme avanço da Medicina, o coração ainda  guarda mistérios a serem desvendados. Mas a pergunta é: por que ainda não  conhecemos tudo sobre essa incansável (ou quase incansável!) bomba? A resposta a  essa pergunta é simples e pode ser respondida com base nas inúmeras evidências que  temos no mundo moderno.  

 

As doenças cardiovasculares (DCV) são as doenças que mais levam ao óbito em  todo mundo, seguida de alguns tipos de câncer e doenças respiratórias. Segundo a  Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 18 milhões de mortes por  ano são decorrentes de doenças cardíacas e vasculares. Dentre as DCV podemos citar o  infarto agudo do miocárdio, arritmias, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca,  arteriosclerose, entre outras. Sem dúvidas, outras patologias como o diabetes ou  doenças renais também contribuem expressivamente com a piora do quadro  cardiovascular.

 

Hoje, entendemos que além do funcionamento da bomba, átrios e ventrículos – o qual conhecemos em profundidade –, temos outros fatores que contribuem  diretamente para o surgimento e instalação das doenças cardiovasculares. O estilo de  vida, alimentação e fatores psicossomáticos estão diretamente relacionados às DCV. O  mundo moderno nos trouxe, além das tecnologias e, talvez pelo uso excessivo delas, o  sedentarismo associado a uma alimentação industrializada e de baixo conteúdo  nutricional.

O estresse do cotidiano e as rotinas cada vez mais desregradas também têm  impactado diretamente no funcionamento dos sistemas biológicos e, é claro, no coração  e vasos. Se levarmos em conta que o mundo segue em constante mudança, fica fácil  entender que novos mistérios surgem a todo o momento sobre todas as coisas, inclusive  sobre o coração! 

 

Não é exagero pensar no coração como o “centro do intelecto” proposto por  Aristóteles, visto que essa bomba contrátil, relaxante e propulsora tem a nobre missão  de enviar o “alimento” para todas as células do corpo. Sua importância e protagonismo  são evidenciados pelo seu precoce aparecimento durante a terceira semana de vida  embrionária nos seres humanos. O fascínio aumenta quando compreendemos que, se  adequadamente nutrida, a bomba perfeita pode funcionar de maneira automática,  exibindo propriedades únicas!  

 

Tamanha complexidade e perfeição são dignas de toda reverência e cooperação.  Os vasos sanguíneos, literalmente, se curvam diante das habilidades cardíacas, partindo  do ventrículo esquerdo – aquele que desenvolve a maior força de contração –, desde o  arco aórtico, lançando ramificações para a cabeça, membros superiores, tronco e  membros inferiores! Uma intricada rede vascular permite que artérias maiores,  detentoras de extensa parede muscular lisa, conduzam o sangue bombeado pelo coração  com pressão suficiente para alcançar todos os locais do corpo.

Na sequência, como uma  afinada orquestra, vasos bem menos calibrosos, as arteríolas e os capilares, regulam  finamente a entrega do sangue oxigenado a todas as células do organismo. Em  contrapartida, as veias carregam o sangue dos tecidos de volta ao coração, aumentando  de calibre conforme se aproximam da bomba. O ritmo segue e este ciclo de transporte  do sangue através da rede vascular se repetirá tantas vezes quantas o coração  determinar! 

 

Se de um lado conhecemos aquilo que maltrata o músculo cardíaco; de outro,  também sabemos o que lhe faz bem: equilíbrio alimentar, prática regular de exercícios  físicos, equilíbrio psicológico, eliminação do tabagismo e de outros vícios. Há quem diga que o coração é feito para amar e há quem acredite que o coração é feito para  sofrer. De toda maneira, todo mundo concorda que o coração é feito para bater no  compasso perfeito da vida!  

Feliz Dia Mundial do Coração! <3

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Twitter
Blog UFABC Divulga Ciência