Museus de ciências para você conhecer sem sair de casa (V.3, N.3, P.7, 2020)
Tempo estimado de leitura: 15 minute(s)
Todo ano o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) promove a Primavera dos Museus, uma iniciativa que reúne diferentes instituições museológicas, durante uma semana, em prol do desenvolvimento de atividades direcionadas ao grande público. No ano de 2020, em sua décima quarta edição, a Primavera dos Museus trouxe como temática “Mundo Digital: Museus em Transformação”, que foi escolhida devido às séries de medidas de isolamento e distanciamento social que devem ser tomadas devido à pandemia causada pelo Covid-19.
Diferente das outras edições, em 2020 foram estimuladas apenas atividades virtuais. Apesar da novidade em relação à modalidade das atividades, a presença dos museus nos ambientes virtuais não é de hoje. As instituições museológicas desde o início da internet vêm cada vez mais desbravando esse ambiente, seja através da disponibilização de materiais em seus sites institucionais até processos mais tecnológicos que possibilitam a criação de visitas virtuais em 360º.
Uma maneira de marcar presença nesse meio digital é através das redes sociais e muitos museus brasileiros já exploram esse recurso como canal de comunicação institucional. É por meio do Facebook e Instagram que muitas pessoas conhecem alguns museus mesmo morando distante ou nunca tendo visitado a instituição. Através do mundo dos likes, curtidas e seguidores, essas instituições conseguem se aproximar daqueles que já as visitaram e de futuros visitantes. O Museu de Arte de São Paulo (MASP), por exemplo, acumula mais de 600.000 seguidores em seu Instagram e interage com seu público através dos comentários em suas fotos. Com esses recursos, por exemplo, é possível obter devolutivas de quem visitou e identificar demandas.
Outros museus, que só existem na internet, são os museus virtuais. Segundo o último Guia de Museus brasileiros elaborado pelo IBRAM, em 2011 existiam 23 museus virtuais no Brasil. Passados nove anos, esse número provavelmente deve ter aumentado, impulsionado pelo desenvolvimento de novas tecnologias que facilitam a inserção no ambiente virtual. Além dos museus virtuais, existem instituições que estão passando pelo processo de digitalização do seu acervo, que permite disponibilizar ao grande público parte do que o museu apresenta em suas exposições físicas, também estão sendo criadas visitas virtuais que cada vez mais oferecem a sensação de estar dentro de um museu. Todas essas iniciativas visam ampliar o acesso da população ao acervo científico e cultural do nosso país.
Com a pandemia da Covid-19 diversas iniciativas interessantes surgiram ou foram ampliadas pelos museus, tudo isso para diminuir a distância do seu público que hoje não pode visitar as instituições, então que tal conhecer, de modo virtual, um novo museu de Ciências ou revisitar aquela instituição que você já está com saudades?
Você pode reunir a família para uma visita virtual ou propor aos seus alunos uma atividade explorando o que é apresentado pelos museus. Vamos começar?
O acervo do MZUSP começou a ser reunido em 1890, ainda como uma seção do Museu Paulista. Mais tarde, na década de 1940, com o grande crescimento das coleções zoológicas, o acervo foi desmembrado e incorporado ao Departamento de Zoologia da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, instalado no atual prédio que acabara de ser construído. Em 1969 passou a fazer parte da USP, ocasião em que ganhou o atual nome e veio a se tornar um dos mais importantes museus de história natural do país. Possuidor de um dos maiores acervos zoológicos da América Latina, com cerca de 12 milhões de exemplares, o Museu de Zoologia da USP tem um papel crucial tanto para o conhecimento como a conservação da biodiversidade brasileira e global. Além da formação de zoólogos, o museu desenvolve atividades de ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e de divulgação científica e cultural. Com atividades envolvendo sua exposição, o MZUSP dialoga com diferentes setores e grupos sociais, incluindo atividades de formação e alfabetização científica, de modo a atender as demandas e interesses de seus visitantes. Durante a pandemia da Covid-19 o museu teve que permanecer fechado. Para aproximar a exposição de seus visitantes, o MZUSP tem realizado diferentes atividades não presenciais, destacando-se o Tour Virtual 360. No dia 7 de setembro de 2020 foi realizada uma visita virtual guiada à exposição Biodiversidade: conhecer para preservar, que continua disponível para acesso no site do museu. Nesse Tour Virtual, é possível observar a riqueza da biodiversidade em diferentes perspectivas, entender um pouco mais sobre evolução zoológica e parentescos filogenéticos, assim como observar lindos e apaixonantes dioramas dos biomas brasileiros: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia, Pampas e os biomas aquáticos. Algo muito interessante desta exposição é abordagem sobre a evolução e história da dispersão humana pelo planeta e suas consequências. Uma reflexão incrível sobre biodiversidade, conservação, história, relações ecológicas e o papel da nossa espécie no planeta. Enfim, vale muito a pena navegar nessa aventura!
Página principal do Museu de Zoologia
Tour virtual
O museu virtual é uma iniciativa da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília e foi inaugurado em 2017. As temáticas do museu estão vinculadas à educação, desenvolvimento sustentável, ecologia, questões relativas ao cerrado brasileiro, formação de valores, dentre outros. Uma das ideias que guiam o museu é que só cuidamos daquilo que amamos e foi a partir do objetivo de difundir o amor pelo cerrado que o museu foi criado.
Você pode conferir diferentes exposições, como a “Cerrado em aquarela” realizada em comemoração do 2º ano do aniversário do museu e que conta com uma série de ilustrações do cerrado apresentadas pelo artista Pedro H. Vogeley. Você também pode descobrir as diferentes cores e formas dos sapos, pererecas e rãs na exposição fotográfica “Por que o sapo não lava o pé?”. O site do museu ainda disponibiliza um biblioteca digital e propostas educativas para trabalhar as questões ambientais. Vale a pena conferir!
Página principal do Museu do Cerrado
O Museu Nacional é integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado ao Ministério da Educação e completou 200 anos em 2018. Marco na pesquisa científica, na educação museal brasileira e detentor do título de primeiro museu do país, o Museu Nacional que formou e forma inúmeros pesquisadores e tem incrível importância cultural, afetiva e de conhecimento das mais variadas tipologias, desde o terrível incêndio em setembro de 2018, tem enfrentado o grande desafio de se reestruturar e muitos esforços têm sido feitos para esse propósito. Uma linda e comovente campanha tem sido feita para reverter essa tragédia com o slogan “O Museu Nacional vive”. Na página do museu há relatos de inúmeras ações e atividades educativas, de divulgação e de pesquisa. Apesar da perda de grande parte de seu inestimável acervo, o prédio histórico está em processo de reforma. É possível recordar como eram as suas exposições: a partir de imagens capturadas em 2016, foi criada uma visita em 360º que nos permite ter acesso a parte do acervo do museu que contava com mais de vinte milhões de itens antes do incêndio. Dentre as ações de reconstrução, a comunidade científica e educativa do Museu Nacional tem desenvolvido lindos projetos e materiais que preservem a história e a memória desta instituição que é um ícone do Brasil, tendo sido ainda mais intensificado no período da pandemia da Covid-19. Convidamos a todos que naveguem pelo seu tour virtual, que assistam seus vídeos e compartilhem uma experiência inesquecível de diferentes vieses da história natural e da antropologia. Vale a pena a visita, vale a pena partilhar da lindeza que foi, é e sempre será o nosso Museu Nacional!
Página principal do Museu Nacional
Serviço de Atendimento ao Ensino
O Museu foi criado em 1995 na antiga sede da Escola de Minas da UFOP na cidade Ouro Preto e serve como um testemunho da história centenária da instituição. A Escola de Minas da UFOP representa um marco histórico no setor de mineralogia, mineração e metalurgia e coube ao Museu de Ciência e Técnica apresentar os episódios dessa longa história.
Através do uso da tecnologia foi possível transformar parte da exposição física em uma visita virtual que oferece uma vista em 360°, além da disponibilização de áudios que guiam o visitante ao longo do passeio digital. Parte do acervo do museu existe desde 1876, você poderá ver rochas com registros de primitivas formas de vida, entender como elas se transformam e são utilizadas pelo homem, além de conhecer a diversidade de minerais do nosso país. Uma experiência regada de história!
Página principal do Museu de Ciência e Técnica
O Museu do Universo foi inaugurado em 1970 e desenvolve atividades voltadas à Astronomia e todo o conhecimento que cerca esta área. Dentre as atividades realizadas no museu, destacam-se os 56 experimentos interativos que apresentam aos visitantes muitos conceitos de Astronomia, como a existência dos Eclipses e as histórias de muitas descobertas científicas que foram marcantes na história da Astronomia.
Outra grande atração fica por conta da Nave Escola, que reúne imagens do nosso Sistema Solar em uma bela apresentação, passando desde estrelas e planetas até as gigantes Galáxias e Nebulosas existentes no Universo. Lá também são realizados cursos e palestras sobre Astronomia, com observações ao telescópio e muito conhecimento com os projetos culturais. O Museu do Universo possui também duas cúpulas: A Carl Sagan e a Galileu Galilei, que somam 353 assentos e podem, juntas, projetar 15.000 estrelas em seus planetários.
Mesmo em meio à pandemia do da Covid-19, o museu do Universo continua com a sua missão e agora conta também com a exposição virtual, para que todos possam visitar os mais distantes locais do Universo no conforto e segurança de suas casas. Para isso, conta com uma exposição virtual que permite a visualização em 360º do interior do Museu, bem como áudios em quatro idiomas diferentes que guiam e auxiliam na compreensão de seus ambientes.
Página principal do Museu do Universo
O Museu do amanhã, inaugurado em dezembro de 2015, é um museu de ciências aplicadas que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. Essa jovem instituição se consagrou como um importante ponto turístico do Rio de Janeiro. Ao visitar os diferentes módulos de sua exposição permanente, o público vai refletindo e percebendo seu lugar no mundo, suas perspectivas e responsabilidade para com o planeta. Na filosofia desse museu, o Amanhã não é um lugar que chegaremos algum dia, pelo contrário, é uma construção da qual participamos todos, como pessoas, cidadãos, membros da espécie humana. Somos protagonistas desse processo que se chama Amanhã. Infelizmente, esse museu tão instigante e provocativo também teve que fechar suas portas durante a pandemia da Covid-19. Mas o Museu do Amanhã retomou suas atividades presenciais em 5 de setembro de 2020, seguindo o protocolo de segurança recomendado pelo Plano de Retomada da Cidade do Rio de Janeiro e pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), de modo a garantir uma visitação segura e adequada aos seus visitantes. Mas na pegada dos museus virtuais, o Museu do Amanhã disponibilizou um lindo passeio numa exposição temporária super bacana que esteve em exibição até outubro de 2019: “Pratodomundo – Comida pra 10 bilhões”. Você pode fazer um tour por essa exposição! Através de imagens em 360º e áudios explicativos, o visitante poderá realizar uma imersão em questões relacionadas à alimentação e aos problemas ambientais. Vale muito a visita!!!
Página principal do Museu do Amanhã
Apesar da pandemia da Covid-19 ter feito com que muitos museus de ciências incrementassem seus sites, suas atividades virtuais, realizassem diversas lives, propostas e ações educativas e de divulgação, entendemos que essas iniciativas definitivamente vieram para ficar. Se nós, professores, pais e mães, pessoas de todos os tipos e perfis já navegávamos pelas páginas dos museus antes de visitá-los, agora, com a possibilidade de tours virtuais, certamente conseguiremos aproveitar muito mais nossas visitas presenciais nesses espaços de fomento à cultura científica, mas sobretudo, teremos a possibilidade de expandir nosso processo de alfabetização científica com diferentes grupos sem sair de casa ou da escola ou de onde quer que estejamos.
Sabemos que uma visita virtual não substitui o contato com os cenários expositivos museais nem tampouco defendemos que os museus virtuais substituam os museus físicos, mas as adaptações pelas quais passaram vários museus de ciências no período da pandemia da Covid-19 nos mostram que o cuidado e preocupação em incluir e garantir acesso e deleite a esses espaços, em fomentar a cultura e conhecimento científico a partir de um aporte tecnológico cada vez mais presente em nossa sociedade, têm sido a marca de muitos museus dizerem que continuamos na luta, na defesa da ciência e da educação, participando ativamente do processo de letramento científico de nossos visitantes, sejam eles virtuais ou presenciais. E aí, vai um tour virtual pela exposição de museu de ciências hoje? Fica a dica!