Desafiar regras para ensinar melhor: a insubordinação criativa na educação matemática (V.8, N.6, P.3, 2025)

Tempo estimado de leitura: 5 minute(s)

Divulgadores da ciência: Edgard Dias, Marcos Galini, Michelle Lui e Tathiana Campos

Texto orientado pelo Prof. Dr. Bruno Rafael Santos de Cerqueira no contexto da disciplina Seminários I, do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática (PEHCM), da Universidade Federal do ABC

O professor dribla a burocracia e reinventa sua prática com ações conscientes para torná-la mais autônoma, ética e inovadora

Imagem gerada por inteligência artificial.
Fonte: Copilot, 2025

Você já parou para pensar em como os professores podem driblar a burocracia e reinventar a própria prática na sala de aula? Muitos professores e pesquisadores enfrentam regras rígidas que limitam suas ações no dia a dia escolar. Mas há uma proposta que convida à mudança: a insubordinação criativa! No artigo “Insubordinação Criativa: um convite à reinvenção do educador matemático“, as autoras Beatriz D’Ambrosio e Celi Lopes mostram como essa atitude pode ajudar professores de Matemática a desenvolver uma prática mais autônoma, ética e inovadora. Assim, os professores contribuem para formar alunos mais críticos e preparados para construir um futuro mais justo e democrático.

O que é Insubordinação Criativa?

A insubordinação criativa é uma atitude que desafia normas estabelecidas, de forma ética, reflexiva e construtiva, buscando transformar práticas pedagógicas engessadas pelas regras burocráticas. Trata-se de um movimento que não é contrário à educação, mas sim contrário a formas de ensino que se baseiam unicamente na repetição mecânica, sem significado e na conformidade com regras inflexíveis. Assim, a insubordinação criativa oferece uma alternativa responsável e inovadora, permitindo que o professor atue com mais autonomia, sem abrir mão do compromisso ético com uma educação crítica, democrática e voltada à justiça social.

As autoras destacam que essa postura propõe novas formas de ensinar e interagir com os alunos, fortalece o trabalho colaborativo e valoriza práticas solidárias e contextualizadas. O texto se baseia em dois propósitos: evitar que diretrizes restritivas prejudiquem professores e estudantes, e impedir os efeitos negativos do desacato explícito, quando ele ocorre. A pesquisa apresenta a insubordinação criativa como conceito estruturante, reforçando a importância de reconhecer o professor como sujeito ativo, autônomo e transformador.

A insubordinação criativa na Matemática

Ensinar Matemática de forma criativa nem sempre é fácil, especialmente diante de tantas imposições educacionais e cobranças. Mas é aí que entra a insubordinação criativa! Ela ocorre quando o professor usa sua experiência e sensibilidade para dar um novo significado às aulas. Por exemplo, em uma escola com cronograma rígido, um professor de Matemática percebe que sua turma precisa de mais tempo para compreender um determinado conteúdo. Mesmo sob risco de “atrasar” o planejamento, ele opta por aprofundar o tema com atividades práticas e contextualizadas. Ao documentar suas escolhas e dialogar com a gestão, assume um ato de insubordinação criativa — uma decisão ética que valoriza a aprendizagem real em vez do cumprimento burocrático do conteúdo.

Essa abordagem aproxima a Matemática de contextos reais, tornando o conteúdo mais significativo e alinhado às necessidades dos estudantes. Nesse cenário, o aluno deixa de ser um mero receptor de informações e se torna protagonista de sua própria aprendizagem. Quando o professor pratica a insubordinação criativa em sala de aula, ele oferece propostas que incentivam o estudante a questionar, buscar soluções e compartilhar novos conhecimentos. Assim, a sala de aula se transforma em um espaço de diálogo e construção coletiva do saber.

Insubordinar-se é usar a criatividade para driblar limitações e criar oportunidades de aprendizado que façam sentido!

O trabalho colaborativo, criatividade e autonomia docente

Um professor comprometido com a ética e com a transformação social deve ter autonomia para planejar e conduzir suas aulas, apoiando-se em seus conhecimentos e experiências. Na formação docente, o processo reflexivo sobre a prática é essencial. No ensino da Matemática, por exemplo, é fundamental ousar percorrer novos caminhos metodológicos.

O trabalho colaborativo entre professores surge, então, como uma oportunidade para que educadores compartilhem ideias, valores e compreensões, enriquecendo suas práticas por meio da troca e da construção coletiva do conhecimento. Mesmo diante de desafios e conflitos no ambiente escolar, professores têm buscado a insubordinação criativa como meio de reflexão e transformação, exercendo sua profissão de maneira ética, responsável e comprometida com a formação integral do aluno.

Ficou interessada(o) no tema?
Aprofunde seus conhecimentos acessando a referência:
D’AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E.. Insubordinação Criativa: um convite à reinvenção do educador matemático. Bolema: Boletim de Educação Matemática, v. 29, n. 51, p. 1–17, abr. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1980-4415v29n51a01

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