A magia da germinação do feijão: uma aventura científica inclusiva para educadores (V.8, N.6, P.1, 2025)

Tempo estimado de leitura: 9 minute(s)

Divulgadores da Ciência
Coordenação e orientação: Edivam Santana Cruz, Felipe Cabral Fragoso, Felipe Coradete Barbosa, Gabriel Spiandorello Viana, Maria Eduarda Moya Brandão e Pedro Maldonado Luks
Coordenação e orientação: Prof.ª Dra. Michelle Sato Frigo;
Agradecimentos: técnicos de laboratório de Base Experimental das Ciências Naturais Fernando, Natália e Érica.

Você já se perguntou como as plantas crescem? Ou como os cientistas estudam o impacto das mudanças climáticas?

Que tal transformar sua sala de aula ou sua casa em um laboratório de ciências? Neste texto, vamos explorar um experimento simples e divertido com feijões que não apenas ensina sobre germinação, mas também permite que alunos de diferentes idades e habilidades aprendam conceitos importantes de forma multidisciplinar e inclusiva.

Materiais necessários

Para realizar o experimento, você precisará de:

  • Sementes de feijão
  • Algodão, papel toalha ou terra (opcional)
  • Água
  • Potes de transparentes
  • Termômetro (opcional)
  • Cadernos para anotações

Preparando o experimento

Montando o ambiente de germinação

  • Camada de algodão: coloque uma camada de algodão ou papel toalha úmido no fundo dos potes transparentes.
  • Adicionando as sementes: coloque algumas sementes de feijão sobre o algodão ou papel toalha.
  • Mantendo a umidade: umedeça o algodão ou papel toalha diariamente para manter as sementes hidratadas. O excesso de água pode não resultar na germinação da semente!

Variando as condições

Prepare potes diferentes para testar condições variadas, como luz e temperatura. Por exemplo, coloque um pote em um local ensolarado, outro em um local escuro, um dentro da geladeira e outro em um local quente.

Adaptações para alunos com necessidades especiais

Materiais acessíveis:

  • Materiais sensoriais: utilize feijões de diferentes tamanhos e cores, além de texturas variadas (como algodão, papel toalha etc) para estimular os sentidos. Isso é especialmente útil para alunos com deficiências visuais ou dificuldades de percepção tátil.
  • Recipientes adaptados: escolha potes que sejam fáceis de manusear, como aqueles com alças ou que sejam leves, para facilitar a participação de alunos com mobilidade reduzida.

Instruções claras e visuais:

  • Instruções visuais: use imagens ou vídeos para demonstrar cada passo do experimento. Isso pode ajudar alunos que têm dificuldades com instruções verbais a seguirem o processo de forma mais independente.
  • Linguagem simples: adapte a linguagem utilizada nas instruções, evitando jargões científicos complexos e utilizando frases curtas e diretas.

Passo a passo do experimento

Introdução ao conceito de germinação

Inicie a atividade explicando o processo de germinação e os fatores necessários: água, calor e luz. Incentive os alunos a formularem hipóteses sobre quais condições favorecerão a germinação dos feijões.

Montagem do experimento

Divida os alunos em grupos e distribua os materiais. Oriente cada grupo na montagem dos potes de germinação, garantindo que testem diferentes condições ambientais.

Observação e registro

Peça aos alunos que observem diariamente as mudanças nas sementes, anotando suas observações em cadernos ou diários de germinação. Utilize gráficos para acompanhar o crescimento dos feijões sob diferentes condições.

Atividades personalizadas:

  • Atividades em grupo: promova o trabalho em equipe, onde alunos com diferentes habilidades possam colaborar. Isso não apenas facilita a inclusão, mas também promove habilidades sociais.
  • Tarefas diferenciadas: ofereça diferentes níveis de complexidade nas tarefas. Por exemplo, alunos com dificuldades podem se concentrar apenas em observar e registrar o crescimento, enquanto outros podem formular hipóteses e analisar resultados.

Análise dos resultados

Após uma ou duas semanas, reúna a turma para discutir os resultados. Pergunte quais condições foram mais favoráveis à germinação e crescimento das sementes. Relacione essas observações com conceitos de climatologia e o impacto das mudanças climáticas no crescimento das plantas.

Uso de tecnologia:

  • Aplicativos e ferramentas digitais: utilize aplicativos que permitam o registro de observações de forma interativa, como gravações de voz ou fotos, facilitando a documentação do progresso do experimento.
  • Sensores de umidade e temperatura: para alunos mais avançados, introduza tecnologia que possa medir as condições ambientais, tornando a experiência mais rica e informativa.

Conceitos multidisciplinares abordados para alunos de diferentes idades

Educação infantil (6 anos):

  • Objetivo: introduzir o conceito de germinação de forma lúdica.
  • Atividade: utilize histórias ou fantoches para contar a história de um feijão que quer crescer. As crianças podem plantar feijões em copos plásticos e observar o crescimento, fazendo desenhos diários de como o feijão muda.
  • Conceitos: explique a importância da água e da luz, usando cores e formas para ilustrar.

Fundamental 1 (7 a 10 anos):

  • Objetivo: explorar a germinação e os fatores que influenciam o crescimento das plantas.
  • Atividade: realize o experimento com potes em diferentes condições (luz, sombra, temperatura). Os alunos podem registrar suas observações em gráficos simples.
  • Conceitos: introduza a fisiologia básica das plantas, como raízes e folhas, e a importância das plantas no ecossistema.

Ensino fundamental 2 (11 a 14 anos):

  • Objetivo: relacionar a germinação com o ciclo do nitrogênio e a sustentabilidade.
  • Atividade: além do experimento básico, introduza variações, como adicionar fertilizantes naturais e discutir suas influências no crescimento. Os alunos podem criar um diário de bordo com hipóteses e resultados.
  • Conceitos: aborde o ciclo do nitrogênio e a importância da fertilidade do solo, conectando com questões de sustentabilidade e práticas agrícolas.

Ensino médio (15 a 17 anos):

  • Objetivo: analisar os fatores ambientais e suas interações com as mudanças climáticas.
  • Atividade: os alunos podem realizar experimentos mais complexos, como medir a taxa de crescimento em diferentes condições climáticas simuladas. Eles devem coletar dados, fazer análises estatísticas e apresentar suas conclusões.
  • Conceitos: discuta a climatologia, os efeitos das mudanças climáticas na agricultura e a importância da pesquisa científica. Inclua atividades de pesquisa sobre como diferentes culturas agrícolas se adaptam às mudanças climáticas.

Ambiente de aprendizado inclusivo

  • Espaço físico: organize a sala de aula de forma que todos os alunos possam acessar facilmente os materiais e participar das atividades. Considere o uso de mesas adaptadas ou cadeiras que atendam às necessidades dos alunos.
  • Apoio de educadores: envolva assistentes ou educadores especializados para ajudar alunos com necessidades específicas a se envolverem plenamente no experimento.

Motivação e envolvimento

  • Celebração de conquistas: celebre as pequenas vitórias e progressos de todos os alunos, independente de suas habilidades. Isso cria um ambiente positivo e encoraja a participação contínua.
  • Conexões com o cotidiano: relacione o experimento com a vida cotidiana dos alunos, como a importância das plantas para o meio ambiente e a alimentação. Isso pode aumentar o interesse e a motivação.

Então, o que você está esperando? Pegue seus materiais, monte seu experimento e descubra como as condições ambientais afetam o crescimento das plantas. Ao adaptar essa atividade para incluir todos os alunos, você estará não apenas promovendo a curiosidade científica, mas também cultivando uma consciência ambiental e um senso de inclusão desde cedo. Vamos juntos transformar a sala de aula em um espaço de descobertas para todos.

Quer saber mais? Acesse o link para o vídeo no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=sVJkV14wFCU

Este estudo foi elaborado no âmbito da disciplina de Base Experimental das Ciências Naturais pertencente ao curso de graduação de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC, sob responsabilidade da Profª. Drª. Michelle Sato Frigo.

REFERÊNCIAS

  • INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Práticas experimentais em ciências. Disponível em: https://educimat.ifes.edu.br/images/stories/Publicações/Livros/Ifes_Livro-Praticas-Experimentais-_2012.pdf
  • LINEA RICA. 8 estratégias infalíveis para aumentar a motivação dos seus alunos. Disponível em: https://www.linearica.com.br/artigos/8-estrategias-infaliveis-para-aumentar-a-motivacao-dos-seus-alunos
  • SANTILLANA EDUCAÇÃO. Experimentos científicos na sala de aula: promovendo a aprendizagem prática e divertida. Disponível em: https://www.santillanaeducacao.com.br/blog/experimentos-centificos-sala-de-aula/.
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