Ameba comedora de cérebros: o mistério das fontes termais (V.7, N.7, P.6, 2024)

Tempo estimado de leitura: 4 minute(s)

Divulgadoras e Divulgadores da Ciência: Letícia Costa Figueiredo e Caroline Ludwig Santos, estudantes do 9º ano da Escola Stagium, sob orientação da professora Ana Regina de Oliveira Hungaro, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática da UFABC.

*Este texto é o fruto de um desafio de divulgação científica lançado pela professora Ana Regina  a suas alunas e seus alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.

 

Imagine um organismo pequeno demais para ser visto a olho nu, mas faminto pelo cérebro humano. Parece algo saído de um filme de ficção científica, não é? No entanto, aqui está a realidade da ameba “comedora de cérebro” (cientificamente conhecida como “Negleria ffowleri”) (Figura 1).

 

Figura 1: Negleria ffowleri. Fonte: Kateryna Kon/Science Photo Library/Getty Images.

 

O que é e onde encontrar

A Negleria Ffowleri é uma ameba de vida livre, o que significa que não requer um hospedeiro humano para sobreviver. Esta pequena criatura habita em águas doces e quentes, como nascentes, lagos e fontes termais, principalmente durante os meses mais quentes do verão. Curiosamente, ganhou o apelido de “comedora de cérebro” por sua capacidade de entrar no corpo pelo nariz e, em casos raros, atingir o sistema nervoso central.

 

Como essa ameba entra no cérebro humano?

A resposta está nas atividades aquáticas. Quando uma pessoa mergulha em água contaminada, a ameba pode adentrar pelo nariz e atingir o sistema nervoso central. Portanto, é importante evitar atividades como nadar debaixo d’água, mergulhar a cabeça e limpar o nariz em águas doces mornas, principalmente em locais desconhecidos ou com água não tratada. Prefira usar água de torneiras estéreis, destilada ou fervida e resfriada.

 

Sintomas e dificuldade de identificar

Uma vez dentro do sistema nervoso central, a ameba pode causar uma doença grave chamada meningoencefalite amebiana primária (MAP). Os sintomas iniciais incluem dor de cabeça, febre, náuseas e vômitos. À medida que a infecção progride, podem ocorrer desorientação, rigidez do pescoço, perda de equilíbrio, convulsões e alucinações. A doença avança rapidamente e pode ser confundida com outras doenças, como a meningite bacteriana, principalmente por ser extremamente rara. Sem tratamento adequado, a condição pode progredir rapidamente, muitas vezes levando ao coma e à morte.

Apesar da ocorrência relativamente baixa de infecção, muitas questões ainda precisam ser descobertas sobre porque algumas pessoas são mais suscetíveis do que outras. A dificuldade do diagnóstico precoce e o alto índice de letalidade da doença reforçam a importância da conscientização e prevenção.

A história da ameba comedora de cérebros nos faz pensar sobre a incrível variedade da vida de microrganismos e da complexidade das interações entre eles e o corpo humano. Então, lembre-se: ao entrar em águas quentes e deliciosas, tome precauções para manter essa ameaça invisível do lado de fora e mantenha-se seguro enquanto se diverte na água.

 

Referências

 

BENNETT, C. Ameba “comedora de cérebros”: o que é, quais são os sintomas, riscos e como prevenir. 2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/ameba-comedora-de-cerebros-o-que-e-quais-sao-os-sintomas-riscos-e-como-prevenir/>. Acessado em 19 ago 2023.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION – CDC. Naegleria fowleri. 2023. Disponível em: <https://www.cdc.gov/parasites/naegleria/general.html#:~:text=Naegleria%20fowleri%20causes%20PAM%2C%20a,within%201%20to%2012%20days.>. Acessado em 19 ago 2023.

CLEVELAND CLINIC. Brain-Eating Amoeba. 2022. Disponível em: <https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/24485-brain-eating-amoeba>. Acessado em 19 ago 2023.

YUYAN, K. O que é a ameba “comedora de cérebros” e como ela contamina as pessoas? National Geographic, 2023. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/08/o-que-e-a-ameba-comedora-de-cerebros-e-como-ela-contamina-as-pessoas>. Acessado em 19 ago 2023.

Related Post

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Twitter
Blog UFABC Divulga Ciência