Promoção, popularização e divulgação científica e tecnológica da pesquisa científica (V.7. N.1 P.6, 2024)

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Divulgador da Ciência: José Machado Moita Neto1(Pesquisador da UFDPar) 

 

Quem é da área ambiental conhece a diferença entre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) que são exigidos no licenciamento ambiental. São dois produtos diferentes sobre o mesmo objeto. No EIA aponta-se, entre outras coisas, os aspectos técnicos necessários à avaliação dos impactos ambientais. No RIMA, por outro lado, tem um público diferente, deve ser apresentado visando a compreensão da população quanto as características do empreendimento, os impactos ambientais gerados, as propostas de mitigação dos impactos, entre outros coisas de interesse da sociedade. O EIA é entendido e dirigido a outros profissionais de igual competência técnica da equipe multidisciplinar que o elaborou. O RIMA é uma peça de divulgação pública (nunca de persuasão) visando a compreensão mínima suficiente para o exercício da cidadania através do engajamento político informado e do efetivo controle social do processo de licenciamento.

A valorização existente na academia era prioritariamente para a interlocução com os pares, outros pesquisadores de mesma competência técnica e científica, visando o reconhecimento dentro da comunidade de cientistas. Isto ainda é decisiva na pesquisa e pós-graduação no Brasil. Contudo, cresce cada vez mais, a cobrança para que o pesquisador também preste conta a sociedade daquilo que faz. Esse controle social é importante e necessário porque de algum modo, a sociedade está pagando a pesquisa desenvolvida em nossas instituições. Além disso, se o próprio cientista não explica adequadamente aquilo que faz, dificilmente outro vai fazer isto por ele. Em instituições maiores no Brasil e nas grandes instituições de todo o mundo, cada docente tem sua página com a informação sobre seus projetos em andamento e sobre seus artigos e livros publicados. Além disso, as instituições incentivam que, sobre cada artigo publicado, apresente-se uma versão para imprensa visando atingir o grande público.

Dentro desse direcionamento, o edital de auxílio a pesquisa no Brasil, lançado pelo CNPq (Chamada Universal), exige que no relatório final conste “informações sobre a execução das atividades de divulgação científica por meio de textos, links de acesso, endereços eletrônicos, fotografias, vídeos ou áudios, dentre outros produtos que poderão ser disponibilizados em repositórios públicos e utilizados pelo CNPq em suas atividades de comunicação institucional”.
Portanto, desde já devemos nos preparar para isso. As perguntas que uma divulgação científica deve responder são: O que é a pesquisa? Como é feita a pesquisa? Qual a importância da pesquisa? Todas dentro de uma linguagem apropriada ao público. Além deve trazer informação adicional que seja relevante para o grande público.

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A linguagem simples e concisa também ganha força no ambiente científico. Uma orientação do próprio CNPq de como escrever um resumo de um projeto com até 2000 caracteres (incluindo espaços) é a seguinte:

  1. Uma ou duas sentenças fornecendo uma introdução básica do tema global da proposta, de modo compreensível a um cientista de qualquer área do conhecimento;
  2. Duas ou três sentenças enfocando mais detalhadamente o tema específico da proposta, de modo compreensível a um cientista atuante em temas correlatos;
  3. Uma ou duas sentenças declarando claramente o problema geral a ser abordado nesta proposta, enfatizando sua importância e necessidade de estudos;
  4. Uma sentença explicando a questão específica ou a hipótese a ser investigada;
  5. Uma ou duas sentenças apresentando evidências de que esta questão ou hipótese é plausível;
  6. Uma ou duas sentenças explicando a estratégia metodológica que permitirá resolver.

1 Contatos: whatsapp (+55 86 99921-0902) / e-mail (jose.machado.moita.neto@gmail.com) 

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