Uma bomba perfeita!
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O fascínio sobre o coração tem instigado os pensadores e cientistas desde a Grécia antiga! Em 350 a.C., Aristóteles foi um dos primeiros a descrever o coração como sendo o centro do intelecto. Poucos anos depois, Erasistrato (310 a.C.) considerou que o coração dá origem ao espírito vital que é levado pelas artérias a todas as partes do corpo. Em sequência, Herófilo (300 a.C.) foi o fundador da “doutrina do pulso”, descrendo com exatidão as pulsações, correlacionando a sístole (contração) e a diástole (relaxamento) com sons musicais, presumindo o pulso como um fenômeno que ocorre dentro dos vasos. Porém, somente William Harvey (1578-1657) descreveu detalhadamente a circulação sanguínea e, 100 anos depois, Stephen Hales (1677-1761) realizou a primeira medida de pressão arterial em uma égua!
Como podemos ver, o coração sempre foi motivo de estudos e descobertas ao longo dos séculos e, ainda hoje, apesar do enorme avanço da Medicina, o coração ainda guarda mistérios a serem desvendados. Mas a pergunta é: por que ainda não conhecemos tudo sobre essa incansável (ou quase incansável!) bomba? A resposta a essa pergunta é simples e pode ser respondida com base nas inúmeras evidências que temos no mundo moderno.
As doenças cardiovasculares (DCV) são as doenças que mais levam ao óbito em todo mundo, seguida de alguns tipos de câncer e doenças respiratórias. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 18 milhões de mortes por ano são decorrentes de doenças cardíacas e vasculares. Dentre as DCV podemos citar o infarto agudo do miocárdio, arritmias, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arteriosclerose, entre outras. Sem dúvidas, outras patologias como o diabetes ou doenças renais também contribuem expressivamente com a piora do quadro cardiovascular.
Hoje, entendemos que além do funcionamento da bomba, átrios e ventrículos – o qual conhecemos em profundidade –, temos outros fatores que contribuem diretamente para o surgimento e instalação das doenças cardiovasculares. O estilo de vida, alimentação e fatores psicossomáticos estão diretamente relacionados às DCV. O mundo moderno nos trouxe, além das tecnologias e, talvez pelo uso excessivo delas, o sedentarismo associado a uma alimentação industrializada e de baixo conteúdo nutricional.
O estresse do cotidiano e as rotinas cada vez mais desregradas também têm impactado diretamente no funcionamento dos sistemas biológicos e, é claro, no coração e vasos. Se levarmos em conta que o mundo segue em constante mudança, fica fácil entender que novos mistérios surgem a todo o momento sobre todas as coisas, inclusive sobre o coração!
Não é exagero pensar no coração como o “centro do intelecto” proposto por Aristóteles, visto que essa bomba contrátil, relaxante e propulsora tem a nobre missão de enviar o “alimento” para todas as células do corpo. Sua importância e protagonismo são evidenciados pelo seu precoce aparecimento durante a terceira semana de vida embrionária nos seres humanos. O fascínio aumenta quando compreendemos que, se adequadamente nutrida, a bomba perfeita pode funcionar de maneira automática, exibindo propriedades únicas!
Tamanha complexidade e perfeição são dignas de toda reverência e cooperação. Os vasos sanguíneos, literalmente, se curvam diante das habilidades cardíacas, partindo do ventrículo esquerdo – aquele que desenvolve a maior força de contração –, desde o arco aórtico, lançando ramificações para a cabeça, membros superiores, tronco e membros inferiores! Uma intricada rede vascular permite que artérias maiores, detentoras de extensa parede muscular lisa, conduzam o sangue bombeado pelo coração com pressão suficiente para alcançar todos os locais do corpo.
Na sequência, como uma afinada orquestra, vasos bem menos calibrosos, as arteríolas e os capilares, regulam finamente a entrega do sangue oxigenado a todas as células do organismo. Em contrapartida, as veias carregam o sangue dos tecidos de volta ao coração, aumentando de calibre conforme se aproximam da bomba. O ritmo segue e este ciclo de transporte do sangue através da rede vascular se repetirá tantas vezes quantas o coração determinar!
Se de um lado conhecemos aquilo que maltrata o músculo cardíaco; de outro, também sabemos o que lhe faz bem: equilíbrio alimentar, prática regular de exercícios físicos, equilíbrio psicológico, eliminação do tabagismo e de outros vícios. Há quem diga que o coração é feito para amar e há quem acredite que o coração é feito para sofrer. De toda maneira, todo mundo concorda que o coração é feito para bater no compasso perfeito da vida!
Feliz Dia Mundial do Coração! <3