A assistência estudantil e a Covid-19: O contexto das Universidades Federais de São Paulo (V.4, N.8, P.4, 2021)

Tempo estimado de leitura: 7 minute(s)

Nome do Periódico: Serviço Social em Perspectiva 

Autores: 

  • Eduardo Henrique Moraes Santos – UFABC 1
  • Raquel de Oliveira Mendes – UFABC 2
  • Ana Carolina Gonçalves da Silva Santos Moreira – UNIFESP 3
  • Cíntia Karim dos Santos – UFBA 4

Com a pandemia causada pela COVID-19, já se perguntou como estão os estudantes universitários das nossas federais? O que aconteceu com o famoso restaurante universitário que, nos dias de atividades presenciais, nos prestam tanto apoio e “quebram o galho”? Com o aumento do desemprego, o fechamento dos serviços, a necessidade do isolamento e quarentena, continuar estudando de casa com a internet que muitas vezes nos deixa nas mãos. Como nos manter na universidade e nos estudos, nessas condições?

 

É diante destes questionamentos e inquietações que nos motivamos a pesquisar coletivamente a permanência universitária no contexto de pandemia no território paulista. Como pesquisadores oriundos de universidades federais, partimos deste local para analisar quais foram as respostas institucionais perante a crise sanitária que nos assola, buscando respostas para nossas perguntas que intrigam a nós e a toda a comunidade. 

 

VOCÊ CONHECE A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL?

 

A assistência estudantil no Brasil é uma das estratégias para a garantia da permanência universitária, voltada para os alunos e alunas em condição de vulnerabilidade social e econômica que, por sua vez, colocam em risco a sua permanência no ensino superior. É considerada, portanto, uma importante ferramenta para a democratização das universidades públicas brasileiras, uma aliada na garantia de direito dos estudantes em todo o país.

 

Para que estas ações sejam concretizadas, é preciso de recursos! O Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) apresenta um importante papel nesse âmbito, uma vez que, hoje, o citado Plano é o principal agente financiador da assistência estudantil no país, dispondo áreas prioritárias para a aplicação dos recursos, como por exemplo a alimentação, habitação e a saúde.

 

Cada Universidade Federal detém autonomia para formular e executar suas ações vinculadas à assistência estudantil em cada localidade, dispondo os critérios de acesso, permanência, as modalidades, o tipo de oferta – por bolsa ou por serviço -, os valores, entre outras questões. As instituições contam com uma equipe de profissionais especializados para a condução e execução destas ações, como assistentes sociais e psicólogos.

 

Percebemos, então, que cada universidade organiza e responde a suas realidades específicas de um jeito, criando diversos modelos de assistência estudantil no Brasil. Essa peculiaridade nos chama a atenção para algumas perguntas, por exemplo: Como cada instituição está organizando suas ações de proteção estudantil diante ao contexto de crise sanitária? Qual é a conjuntura da permanência universitária no estado de São Paulo?

 

QUAL O PAPEL DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DURANTE A PANDEMIA?

 

Diante deste contexto de pandemia, que acentua alguns desafios já existentes em nossa sociedade, a proteção universitária toma centralidade para a proteção dos direitos estudantis e a permanência universitária no território paulista.

 

Neste estudo analisamos a Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, a Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e a Universidade Federal do ABC – UFABC, as universidades federais presentes no estado de São Paulo, para analisar e identificar quais foram as suas respostas para a proteção estudantil no contexto de pandemia.

 

Em relação a UFABC, constatamos que a citada universidade apresenta protagonismo em diversos setores da assistência estudantil, com destaque para a oferta dos auxílios financeiros, com a adoção da modalidade de auxílio alimentação (em decorrência da suspensão do restaurante universitário) e da articulação interinstitucional com a UNIFESP e o Ministério Público do Trabalho para a concessão de cestas básicas para os estudantes destas duas universidades, cooperação em âmbito da assistência estudantil pioneira na região e no Brasil.

 

No campo da inclusão tecnológica, a UFABC também se destaca ao conceder empréstimo de computadores e, posteriormente, auxílios para aquisição de material permanente, de modo a viabilizar o ensino remoto emergencial que o momento exige. Sem deixar de mencionar a concessão de chips, programa criado pelo Ministério da Educação em que a universidade aderiu.

 

Em relação a saúde mental, sobretudo diante do atual contexto de isolamento e abrupta mudança do cotidiano da vida, destaca-se os acolhimentos psicossociais e os grupos de escuta on-line voltados aos(às) estudantes de graduação e pós-graduação, como importantes estratégias que contribuem para o bem estar social e emocional dos estudantes na instituição.

 

Por fim, demarca-se o auxílio emergencial que, no contexto da UFABC, já existia e era oferecido antes mesmo da pandemia, com o objetivo de dar respostas a situações inesperadas e provisórias que assolam os estudantes que não estavam inseridos no programa de auxílios da instituição até então. Com a pandemia e, com ela, a ampliação das vulnerabilidades socioeconômicas, o auxílio emergencial universitário é, sem dúvidas, um grande aliado para a proteção dos direitos estudantis no atual contexto. 

 

Convidamos a todos para acessarem e divulgarem este trabalho, para disseminar e fortalecer esse debate e essa luta!

 

Link para acesso: bit.ly/assistenciaestudantilcovid

 

1 Assistente Social, possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), mestrado em Serviço Social e Políticas Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e atualmente é  doutorando no Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorando no Programa de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC). Atua como assistente social na Prefeitura de Osasco e na docência no curso de Serviço Social na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

 

2 Assistente social e geografa, possui graduação em Geografia (UFMA) e em Serviço Social (UFS), mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (IFS) e atualmente é doutoranda do Programa de Políticas Públicas da UFABC. Atua como assistente Social na política de assistência estudantil da Universidade Federal de Sergipe.

 

3 Assistente social, possui graduação em Serviço Social pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Especialista em Políticas Públicas em Educação, com aperfeiçoamento em Educação Ambiental, Mestra em Desenvolvimento Humano pela Universidade de Taubaté (Unitau). Assistente Social na política de assistência estudantil da Universidade Federal de São Paulo e exerce a docência no curso de Serviço Social da Univap.

 

4 Assistente Social, possui graduação em Serviço Social pela Universidade Tiradentes e atualmente é mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como Assistente Social na política de assistência estudantil na Universidade Federal da Bahia UFBA.

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