Corredores Logísticos Verdes – A Sustentabilidade Aplicada aos Transportes (V.3, N.8, P.13, 2020)
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Em 2007 a Comunidade Europeia introduziu um novo conceito nas redes de transportes, os corredores. Estes corredores são caracterizados por uma concentração considerável do tráfego de produtos/mercadorias, entre grandes centros e por distâncias relativamente longas. As indústrias seriam incentivadas, ao longo deste corredor de contar com a co-modalidade (concepção logística integrada com a utilização ótima dos modais de transportes), com a tecnologia avançada, com o intuito de acomodar e aumentar o volume de tráfego e promover um ambiente sustentável com o uso de energia renováveis e tecnologias limpas.
Para isto, o corredor verde deveria ser usado para promover: inovação nas unidades de transportes, e avançar no sistema de transporte inteligente (Intelligent Transport Systems – ITS). O corredor verde visa reduzir o impacto climático e ambiental e aumentar a segurança, a eficiência e eficácia nas operações de transportes entre os países da Comunidade Europeia (MOURA, BOTTER, 2014).
Suas principais características são (LÄTILLÄ, HENTTU, HILMOLA, 2013):.
- Soluções logísticas sustentáveis focadas com documentação relacionadas com o impacto climático e ambiental, segurança, serviço com qualidade e energia sustentáveis e limpas;
- Concepção logística integrada e compartilhamento de modal (transporte marítimo, rodoviário, hidroviário e ferroviário) otimizado;
- Posicionamento estratégico de pontos de transbordos e criação de infraestrutura de apoio;
- Plataforma para desenvolver e demonstrar soluções logísticas inovadoras, sistemas de informações e tecnologias de comunicação (Information and Communication Technologies – ICT), modelos logísticos otimizados, e tecnologias limpas e sustentáveis nas operações de transporte.
Para mensurar o estágio atual das operações logísticas, nos principais corredores europeus, e depois compará-los com novas situações, após a implantação de sistemas de corredores verdes (Green Corridors), foi importante definir os indicadores chave de desempenho ou performance (Key Performance Indicators – KPIs) referente a gestão ambiental, as emissões, qualidade do serviço e confiabilidade.
Estes indicadores estão relacionados com os modais de transportes utilizados nos corredores verdes, que são:
SSS – Short Sea Shipping, (Transporte marítimo de curta distância – cabotagem)
DSS – Deep Sea Service, (Serviço/transporte em alto mar)
IWT – Inland Water Transport (Transporte fluvial)
Road – Transporte Rodoviário
Rail – Transporte Ferroviário
Os serviços de transporte estão relacionados com:
– Custos de transporte (frete);
– Tempo de trânsito;
– Confiabilidade na eliminação de atrasos;
– Confiabilidade em termos de condições de transporte e chegada;
– Simplicidade na administração e documentação de embarque;
– Flexibilidade no serviço de transporte;
– Redução ou eliminação de avarias nas cargas transportadas.
O termo corredores de transporte tem sido cada vez mais presente no mundo contemporâneo, sendo comumente utilizado por quaisquer envolvidos ou interessados na área de logística de transportes. A definição mais completa, precisa e, portanto, adequada à essa denominação é (MOYANO et al., 2012):
Um corredor de transporte tem uma dimensão física e outra funcional. Em termos de componentes físicos, um corredor inclui uma ou mais rotas que conectam centros de atividade econômica. Essas rotas possuem diferentes alinhamentos, porém com pontos de transferência comuns e são conectadas aos mesmos pontos finais. Elas são compostas por ligações pelas quais os serviços de transporte viajam e pelos nós que interconectam os serviços de transporte. Os pontos finais são portas de entrada que permitem trafego com origem ou destino fora do corredor.
Existem corredores de transporte internacionais, capazes de conectar um ou mais países vizinhos, podendo, inclusive, conectar países separados por países intermediários ou oferecer acesso ao mar a países sem litoral. Alguns corredores são compostos apenas por um único modal de transporte ou uma única rota, no entanto a maioria deles apresenta múltiplos modais e rotas (LILJESTRAND,2016).
A maioria dos corredores de transporte é desenvolvida como mecanismo de suporte ao crescimento da economia regional, proporcionando o recebimento de mercadorias de outras regiões, além do escoamento das mercadorias ali produzidas. Eles oferecem transporte e outros serviços de logística que promovem o comércio entre as cidades e países localizados ao longo do corredor.
Os corredores verdes é uma iniciativa da Comissão Europeia com o objetivo de reforçar a competitividade da indústria de logística e criar soluções sustentáveis.
Um pilar essencial em corredores verdes é o conceito de co-modalidade. O conceito foi introduzido na revisão intercalar do Livro Branco da União Europeia, foi definido como: o uso eficiente de diferentes modais e em combinação resultará numa utilização ótima e sustentável dos recursos. O conceito de co-modalidade é importante para os corredores verdes, a fim de salientar o fato de que a solução logística escolhida pelo mercado pode, e deve ser uma decisão tomada pelos carregadores (transportadores).
Depois de discutir diferentes alternativas, foi decidido que um corredor verde é caracterizado por (KONTOVAS, 2014):
– Soluções logísticas sustentáveis com reduções documentados de impacto ambiental e climático, de alta segurança, alta qualidade e eficiência.
– Conceitos de logística com a utilização otimizada de todos os modos de transporte, os chamados co-modalidades integradas,
– Regulamentos com abertura para todos os atores harmonizada,
– Concentração de tráfego nacional e internacional de mercadorias em rotas de transporte relativamente longas,
– Pontos eficientes e estrategicamente colocados de transbordo, bem como uma infraestrutura de apoio adaptado e
– Plataforma para desenvolvimento e demonstração de soluções logísticas inovadoras, incluindo sistemas de informação, modelos de colaboração e tecnologia.
O projeto do corredor promove a colaboração entre os modos de transporte e uso otimizado de modo de transporte, respectivamente, incluindo os nós de transporte (hubs, cruzadas docas, etc.) Ele pode ser um corredor nacional e transfronteiriço.
Técnicas de Transporte – projetos relacionados as técnicas de transporte engloba características e propriedades de vários tipos de equipamentos utilizados na operação de transporte. O foco principal é sobre os diferentes modos de transporte, unidades de transporte / transferência de carga e / recarga de mercadorias entre diferentes modos. Exemplos disso são as técnicas relacionadas com caminhões, reboques, motores ferroviários, vagões ferroviários, navios, movimentação portuária, recipientes, embalagens, guindastes, empilhadeiras, etc. (MOURA, BOTTER, NETTO, 2017).
Soluções de transporte / logística: Refere-se a soluções completas que integram diferentes parceiros e partes interessadas que mutuamente formam um caso de negócio, promoção da eficiência e diminuição do impacto ecológico.
Referências Bibliográficas:
KONTOVAS, C. A. The Green Ship Routing and Scheduling Problem (GSRSP): A conceptual approach. Transportation Research Part D: Transport and Environment, v. 31, p. 61-69, DOI: 10.1016/j.trd.2014.05.014, 2014.
LÄTILLÄ, L.; HENTTU, V.; HILMOLA, O. P. Hinterland operations of sea ports do matter: Dry port usage effects on transportation costs and CO2 emissions. Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review, v. 55, p. 23-42, DOI: 10.1016/j.tre.2013.03.007, 2013.
LILJESTRAND, K. Improvement actions for reducing transport’s impact on climate: A shipper’s perspective. Transportation Research Part D, 48: 393-407, 2016.
MOURA, D. A.; BOTTER, R. C. Proposol of Green Corridors to Brazil. II Congreso de Ingeniería Marítima, Portuaria y Naval CIMYN y en el I Congreso de Corrosión, Cidade do Panamá, Panamá, 2014.
MOURA, D. A.; BOTTER, R. C.; NETTO, J. F. Challenges for implementation of the green corridor in Brazil. In: International Congress of the International Maritime Association of the Mediterranean, IMAM, Lisboa, Portugal, 2017.
MOYANO H.; PANAGAKOS G.; FOZZA S.; HOLTE E.A.; ZACHARIOUDAKIS P.; GEORGOPOULOU C. Green Corridors Handbook – Volume I. A SuperGreen Project Document, 20/12, 2012.
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