Os desastres são socialmente construídos (V.2, N.2, P.5, 2019)
Pouco ainda nos arrefeceu o sentimento coletivo de tristeza, solidariedade e indignação com o desastre causado pelo rompimento da barragem de rejeitos da Companhia Vale do Rio Doce em Brumadinho, MG, no dia 25 de janeiro, e esse mesmo sentimento já se desloca, em dois dias sequenciais, para o Rio de Janeiro, onde deslizamentos e inundações rápidas (enxurradas) provocaram enormes danos e seis mortes. No dia 6 de fevereiro, e, na madrugada do dia 8, um incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo causou ao menos dez mortes de atletas muito jovens e graves ferimentos em outros três. Embora de dimensões e causas variadas, estas três tragédias não são resultados de fatalidades, de irresponsabilidade das vítimas ou de reações da natureza: resultam de riscos socialmente construídos.