Entendendo o Papel do Desodorante no Nosso Cotidiano (V.7, N.11, P.04, 2024)
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O uso do desodorante é uma prática comum e cotidiana, presente na rotina de muitas pessoas. No entanto, você já parou para pensar sobre como ele funciona e qual a diferença entre desodorante e antitranspirante? Vamos explorar esses pontos e entender como escolher o melhor produto para sua pele, além de como aplicá-lo corretamente para uma eficácia maior.
Como o Desodorante Age na Pele
O desodorante age na pele principalmente combatendo as bactérias que causam o mau odor. O suor, por si só, é inodoro; o cheiro desagradável surge quando as bactérias na superfície da pele decompõem componentes presentes no suor, liberando odores. Desodorantes contêm ingredientes antibacterianos, como álcool ou triclosan, que inibem a proliferação dessas bactérias, evitando, assim, o mau cheiro.
Diferença entre Antitranspirantes e Desodorantes
Embora muitas vezes usados de maneira intercambiável, desodorantes e antitranspirantes têm finalidades diferentes. O desodorante, como já mencionado, combate o mau odor ao eliminar as bactérias. Já o antitranspirante, além de ter uma ação antibacteriana, contém compostos, como sais de alumínio, que bloqueiam temporariamente as glândulas sudoríparas, reduzindo a quantidade de suor liberada. Essa distinção é importante: enquanto o desodorante atua apenas na redução do cheiro, o antitranspirante reduz a produção de suor, sendo mais adequado para pessoas que sofrem de transpiração excessiva.
Porém, precisamos entender que o suor é um processo natural do corpo para regular a temperatura e eliminar toxinas. Ao bloquear essa função, com antitranspirantes, isso pode interferir na capacidade do corpo de manter seu equilíbrio térmico e de eliminar resíduos metabólicos. Isso pode levar a um acúmulo de toxinas e a um aumento na temperatura corporal, afetando seu bem-estar geral. Por isso, o enfoque do blog será na ação de desodorantes apenas.
Como ele funciona
Os desodorantes agem principalmente contra duas bactérias responsáveis pelo odor nas axilas: Corynebacterium e Staphylococcus. Essas bactérias decompõem o suor em compostos que produzem cheiros desagradáveis. O desodorante contém substâncias que inibem o crescimento dessas bactérias, reduzindo a quantidade de compostos odoríferos produzidos. Após três dias de cultivo em placas de triptona de soja, o crescimento bacteriano foi significativamente menor nas placas tratadas com desodorante, evidenciando a eficácia do produto em controlar essas bactérias causadoras de odor.
Veja:
1. Placa com Desodorante Aerosol: Nesta placa, foram cultivadas bactérias retiradas das axilas após o uso de desodorante em spray. O aerosol geralmente possui uma fórmula de rápida secagem e ampla distribuição, contendo ingredientes antibacterianos que inibem eficazmente o crescimento de Corynebacterium e Staphylococcus. Após três dias, o crescimento bacteriano é visivelmente reduzido, demonstrando a eficácia do aerosol em controlar essas bactérias.
2. Placa com Desodorante Roll-On: Esta placa contém bactérias das axilas tratadas com desodorante roll-on. O roll-on, devido à sua aplicação direta, forma uma camada uniforme na pele, liberando substâncias antibacterianas de maneira contínua. Após três dias, observa-se um crescimento bacteriano menor em comparação com a placa sem desodorante, confirmando a ação do roll-on na redução das bactérias causadoras de odor.
Ao longo de três dias de observação, foi possível notar uma redução significativa no crescimento bacteriano nesta placa, em contraste com outra placa onde as bactérias não foram expostas ao desodorante. Esse resultado reforça a eficácia do roll-on em criar um ambiente menos favorável para a proliferação de microrganismos que causam mau odor. O experimento destaca como a aplicação regular de desodorante roll-on não apenas mascara odores, mas atua diretamente na causa, eliminando ou reduzindo a quantidade de bactérias que se desenvolvem nas áreas de maior transpiração. Essa ação contínua do desodorante é crucial para manter uma sensação de frescor e higiene ao longo do dia.
3. Placa Sem Desodorante: Nesta placa, foram cultivadas bactérias das axilas sem a aplicação de desodorante. Aqui, o crescimento de Corynebacterium e Staphylococcus é maior, uma vez que não houve nenhuma substância inibidora para controlar a proliferação dessas bactérias. Após três dias, a placa mostra um crescimento denso, evidenciando como a ausência de desodorante permite a proliferação das bactérias e, consequentemente, a formação de odor.
Ou seja, com essas imagens podemos ver claramente o tipo de desodorante escolhido impacta diretamente a eficácia no controle do crescimento bacteriano e, por consequência, na prevenção do odor. As placas mostram que o roll-on e aerosol, tendem a inibir o crescimento bacteriano de maneira eficaz. Já a placa sem desodorante evidencia o crescimento livre das bactérias, ressaltando a importância do uso de desodorantes para manter a higiene e reduzir o odor nas axilas.
Odor Persistente Mesmo com Desodorante?
Mesmo utilizando desodorante, algumas pessoas notam que o odor persiste. Isso pode ser causado por uma série de fatores, como a escolha inadequada do produto, má aplicação, ou até mesmo uma higiene incompleta. Certas bactérias podem se tornar resistentes a desodorantes comuns, o que torna necessária a alternância de produtos ou até o uso de soluções mais fortes. Outro fator pode ser, simplesmente não ter achado o desodorante ideal para você ou não estar utilizando o produto adequado para o seu tipo de pele e necessidades específicas. Além disso, fatores como dieta, estresse e condições de saúde também podem influenciar a eficácia do desodorante. Para lidar com o problema de forma eficaz, é importante avaliar a escolha do desodorante, garantir que ele seja aplicado corretamente, e considerar outras medidas de higiene e cuidados pessoais. Se o problema persistir, pode ser útil consultar um dermatologista para identificar e tratar possíveis causas subjacentes.
Como Escolher o Melhor Desodorante?
Na hora de escolher o melhor desodorante, é importante considerar o seu tipo de pele e a intensidade da sua transpiração. Peles sensíveis podem preferir produtos sem álcool ou fragrâncias fortes, que podem causar irritação. Pessoas que suam mais podem se beneficiar de um antitranspirante potente. Produtos naturais, sem alumínio, são uma boa escolha para aqueles que querem evitar ingredientes sintéticos. Além disso, é essencial testar diferentes opções e ver qual se adapta melhor ao seu corpo e estilo de vida.
O Jeito Correto de Aplicação e os Diferentes Tipos de Desodorante
A maneira como você aplica o desodorante ou antitranspirante pode influenciar sua eficácia. O ideal é aplicá-lo sobre a pele limpa e seca. Se possível, espere alguns minutos após o banho para garantir que a pele esteja completamente seca, pois a umidade pode reduzir a eficácia dos ingredientes ativos. Também é importante não aplicar quantidades excessivas, pois isso pode levar ao acúmulo de produto, o que prejudica sua ação.
Existem diferentes tipos de desodorante: spray, roll-on, creme e stick. A escolha vai depender da sua preferência pessoal. Os sprays tendem a secar mais rapidamente, enquanto os roll-ons são fáceis de aplicar e garantem uma cobertura uniforme. Cremes são ideais para peles sensíveis, e sticks proporcionam uma aplicação controlada.
A diferença observada no experimento, entre o desodorante roll-on e aerosol
Durante um experimento que comparou a eficácia do desodorante roll-on e do aerosol, foi possível observar diferenças notáveis na maneira como ambos os produtos funcionavam ao longo do tempo.
Desodorante Roll-On: O desodorante roll-on tem uma aplicação que envolve contato direto com a pele por meio de uma esfera que distribui o produto. Esse contato direto, embora eficiente inicialmente, pode resultar em uma menor eficácia ao longo do tempo. Isso acontece porque o roll-on, ao entrar em contato constante com a pele, pode acumular resíduos de células mortas e bactérias na esfera aplicadora. Esses resíduos podem ser transferidos de volta para o frasco do produto, contaminando o desodorante restante e, consequentemente, reduzindo sua eficácia. Além disso, o produto, quando reaplicado várias vezes com a esfera, pode não ser distribuído uniformemente, o que resulta em áreas da pele menos protegidas, aumentando a chance de o odor corporal se manifestar.
Desodorante Aerosol: Por outro lado, o desodorante aerosol é aplicado à distância da pele, o que reduz o risco de contaminação do produto no frasco. O spray cria uma camada fina e uniforme sobre a pele, cobrindo uma área maior de forma mais eficiente. Os desodorantes roll-on geralmente possuem uma concentração maior de ingredientes ativos, como agentes antibacterianos ou antitranspirantes, que são liberados de forma mais controlada.
Ou seja, enquanto o roll-on pode ser uma opção conveniente e econômica, ele pode apresentar uma queda na eficácia ao longo do tempo devido ao contato direto com a pele, que pode contaminar o produto. O aerosol, por não entrar em contato com a pele durante a aplicação, tende a oferecer uma proteção mais consistente, mas resulta em uma cobertura menos uniforme nas axilas. Isso significa que algumas áreas podem receber menos produto, deixando partes da pele sem proteção suficiente contra as bactérias. Devido à sua aplicação direta e fórmula mais espessa, o roll-on tende a durar mais tempo na pele, oferecendo proteção por um período maior, enquanto o aerosol pode evaporar ou ser absorvido mais rapidamente. Escolher entre os dois vai depender das preferências pessoais e da necessidade de cada indivíduo, mas o entendimento dessas diferenças pode ajudar a escolher o produto mais adequado.
Conclusão
O desodorante é uma ferramenta essencial para o bem-estar e a confiança no dia a dia, mas entender como ele funciona e como utilizá-lo corretamente pode fazer toda a diferença. Escolha o produto certo para seu tipo de pele, aplique de forma adequada e mantenha sua rotina de cuidados em dia para melhores resultados.
Quer saber mais? Acesse o link para o vídeo no Youtube: https://youtu.be/yLWDqvTWGkw?si=cJA42qAYCMUjI0Rk
Este estudo foi elaborado no âmbito da disciplina de Base Experimental das Ciências Naturais pertencente ao curso de graduação de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC, sob responsabilidade da Profª. Drª. Michelle Sato Frigo. Agradecimentos: técnicos de laboratório de Base Experimental das Ciências Naturais Fernando, Natália e Érica.
REFERÊNCIAS
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